A luz da ética na vida cristã

Por Antognoni Misael

(…) Um sapateiro perguntou a Lutero o que ele deveria fazer agora que conhecia o evangelho. Qual deveria agora ser o seu chamado? (…) A resposta do reformador foi surpreendente para o sapateiro, do mesmo modo que surpreenderia muitos de nós hoje: “Faça um bom sapato e venda-o pelo preço justo”. (HORTON, Michael. O cristão e a Cultura. 2ª Ed. São Paulo: cultura cristã, 2006) [p.18]

Faço deste pequeno relato uma reflexão a respeito do desafio de ser ético num mundo tão arbitrário que vivemos. Talvez muitos ainda não tenham atentado para o significado real de ser um “pequeno Cristo” no cotidiano, de ler luz, e alumiar os ambientes e pessoas ao nosso derredor. Alguns “ainda” pensam que Deus exige uma formalidade religiosa: ser pastor, presbítero, missionário, apóstolo, levita, diácono, obreiro, líder de célula, etc. Do que adiantará um bom título manchado por um currículo reprovado.
Não é preciso esforço pra encontrar gente se escondendo dentro do templo: profissionais desonestos, pais que educam mal seus filhos, patrões que exploram seus funcionários, pastores e padres que assumem o sacerdócio pela estabilidade financeira e não pelo amor e piedade.
Neste carrossel de interesses pessoais, o homem contemporâneo parece ocupar o lugar do príncipe de Maquiavel, o qual na defesa de seus sonhos e ambições faz o possível e impossível pra sempre sair ganhando em todas as relações de troca que enseje, seja esta afetiva, financeira ou de qualquer valor. O que fica subentendido nas entrelinhas desta pós-modernidade é que ser ético significa ser palerma, mané, distraído, quadrado, ou seja, ganhar pela ética é perder na relação, agir pela ética é deixar de lucrar.
Para a Igreja isso é triste. A ética é um ponto de luminosidade no mundo; agir a partir dela é dizer NÃO de forma retumbante ao curso pedagógico deste mundo. A ética, mesmo expressando-se numa atitude unilateral, individual, é sem dúvida um dos maiores exercícios de espiritualidade que o homem pode fazer.
Ser ético é adorar ao Pai em todos os instantes e em todos os lugares; é mostrar na prática que Jesus vive em mim.

Ariano Suassuna fala sobre artes, tecnologia e cultura de massa

O escritor paraibano Ariano Suassuna esteve no último dia 18 (setembro) encerrando a programação do Festival de Artes de Areia – PB, realizado na cidade de Areia, localizada no Brejo Paraibano, há 122 km da capital, João Pessoa. O festival, que havia dado uma longa pausa, voltou a ser pauta de cultura no Estado da Paraíba o qual anda demonstrando que quer retomar as grandes programações culturais de décadas passadas.
Numa entre entrevista bem informal, Ariano Suassuna conversa com o repórter, blogueiro e conterrâneo Hebert Araújo, que esteve juntamente com meu amigo Ikeda Gomes e Pablo neste momento ímpar para nossa cultura. Abaixo na foto, não dá pra deixar de mencionar a presença inusitada do folclórico Genival Lacerda (e de camisa do Real Madri …rs).

Ouvir Ariano sempre foi e será um exercício prazeroso, principalmente quando ele aborda questões como arte, literatura, música, poesia, porém desta vez fazendo suas colocações sobre novas tecnologias e cultura de massa.

A entrevista foi gravada no último domingo (18), nas dependências da Pousada Villa Real, em Areia (PB), momentos antes do encerramento do Festival de Artes de Areia. 
Confira a entrevista e deixe seu comentário.

 Fontes: 

http://blogtelevisionario.blogspot.com
http://cadernodematerias.com/

Coldplay: 15 anos de Brit pop

Por Antognoni Misael

Quando conheci “Parachutes”, a mais de 10 anos, fiquei encantado com a música do Coldplay. Fix you é uma das canções mais belas do brit pop e compartilho com vocês.

A banda já ganhou vários prêmios da indústria musical ao longo de sua carreira, incluindo seis Brit Awards — vencendo o de Melhor Grupo Britanico três vezes, quatro MTV Video Music Awards, e sete Prêmios Grammy de vinte indicações. Como um dos recordistas de vendas de discos, o Coldplay já vendeu mais de 50 milhões de discos em todo o mundo.
Comumente vem apoiando ativamente várias causas sociais e políticas, como a campanha Make Trade Fair da Oxfam e Amnesty International. O grupo também realizou vários projetos de caridade como Band Aid 20, Live 8, Sound Relief, Hope for Haiti Now: A Global Benefit for Earthquake Relief e o Teenage Cancer Trust.

{Palavrantiga} – O som do rock cristão que eu tanto esperava

Por Antognoni Misael

Ontem, dia 16 pude conhecer de perto o som da banda mineiro-capixaba {Palavrantiga}. Os bons momentos de música no evento denominado “Sexta-Livre”, da Igreja Batista de Tambaú, me rendeu este simples artigo.

Intitulados como uma banda brasileira de rock, e capitaneado por Marcos Almeida (vocal e cordas), Lucas Fonseca (bateria), Josias Alexandre (guitarra), Felipe Vieira (baixo), {Palavrantiga} é sinônimo de que o “antigo” (escrituras de Deus) jamais se torna velho em seu sentido literal neste confuso mundo contemporâneo. Basta ouvir o rock avante garde desta banda que descomplica a vida cristã e comumente ganha espaço no meio cristão e secular. Seu recente trabalho “Esperar é Caminhar” configura uma obra contemporânea que desconstrói muito do que nos foi ensinado a respeito do evangelho, desafiando-nos a uma vida de comunhão, alegria e amor ao próximo.
{É o Senhor quem pergunta: onde está você que diz que me adora, mas não estende a mão? (Amor que nos faz um)}
Em uma época repleta de jargões, mantras, a banda traz um plano com guitarras distorcidas e circulares, batidas pop, melodias intimistas, e letras bem realistas que transparecem a imperfeição humana em contraste da graça divina. Diferentemente do rock do Rabanhão (anos 80), o som pesado dos dinossauros do Resgate (alá anos 80 em 1991), dos descaminhos filosóficos da Banda Catedral (anos 90), da descontinuidade do Oficina G3 (2000) que resistiu na lideraça de Juninho Afram, Palavrantiga surge no ápice da sensação de que o século XXI não nos reservaria algo novo. Em 2008 o grupo cai no asfauto e se apresenta ao mundo.
{‘Estou em obras, essa morada um dia será perfeição’, e mesmo assim não deixando de ser ‘Casa, lugar de Deus’, que habita em nós. (Casa)}
Sem pretensão purista, não dá pra dizer que o som dessa turma tem total originalidade. Aliás quem um dia foi totalmente autêntico? Minhas impressões sobre essa boa alquimia remete a forte influência de U2 nas guitarras, batidas do brit pop e no reverb vocal  de Bono Vox (como na canção Feito de Barro). A mudanças tonais lembram esporadicamente também a erudicao vocal do Renato Russo, o que se abastece de tanta subjetividade interpretativa a ponto de outra pessoa assemelhá-lo a outros sons e/ou vertentes. Certamente as quebra de nuanças stomp com batidas alá Bossa Nova, característico da segunda fase dos Los Hermanos, seja comprovada ao ouvir o belíssimo trecho da canção “Pensei”: “Vou e faço o meu melhor, isto é barro em Tuas mãos”… Contudo minhas tentativas aqui de querer descrever este belo som podem não significar nada para alguns , ou quem sabe alguém escreva uma matéria semelhante o comparando com outros sons que não citei aqui(me arrisco). 
{Tu és meu Deus, Teu nome é grande. Tu és eterno, mas não distante. (Pensei)}
{Palavrantiga} aborda com profundidade o tema da humanidade e isto me lembra muito as nuaças dos Salmos; em canções como “Feito barro”, temos uma aula de teologia em pouco menos de 5 minutos tratando da queda de Adão e a reconciliação em Cristo; noutros momentos do disco também dialoga com a filosofia pós-moderna em “Rookmaaker” dando um sentido aplicativo ao “ser”, “viver” e “estar” no mundo:
{‘A cidade está cheia de sons (…) na cidade dos homens tem gente que consegue ouvir, mas os outros estão surdos para Ti (…) Você anda zombando da cruz (…) A cidade está cheia de atores’}
Como toda banda bem sucedida, o grupo como também traz aquela canção que como um loop ressoa em coro popular. Será se estou enganado quando me refiro a “Vem me socorrer”?
“Esperar é caminhar”, título do disco, quiçá desfaz o que seriam os “sinais” reais de Deus perpassados pela religiosidade secular para conosco. Marcos Almeida, autor de todas as músicas, relata o silêncio do Pai, como tão íntimo quanto a Sua voz. De fato às vezes esperamos o mar se abrir, ou Deus ressuscitar nossos óbitos, aguardamos providência através dos chavões divinos, enquanto que Ele trabalha muitas vezes numa perspectiva atemporal e eterna, às vezes ilógica a nós (pura soberania). “Esperar”, portanto não remete ao estático, ao fracasso, mas ao movimento, ao agir, ao caminhar na certeza de que Ele está no controle. Quanto a Sua resposta ante a nossa espera? Ao Seu tempo dirá…
{‘Eu espero em Ti, embora sem saber. Como Tu dirás, eu não sei, mas esperarei”. (Esperar é caminhar)}

Indico esta banda sem medo de errar. Palavrantiga representa algo que a tanto tempo não surgia no rock cristão em termos estéticos, sonoros e porque não, teológicos. Como falei, não é algo “novo”, mas sim uma mistura nova, agradável, edificante. Ansiamos que continuem por esse caminho de humildade, seriedade e de pé-no-chão.

Pra não ser reduntande, quem sabe ouvir, refletir e curtir seja a melhor coisa a fazer agora.
{‘Vai raiar o sol, Vai raiar outra vez. Irá aquecer corações. A luz trará um novo alvorecer
Sobre nós’
(Palavrantiga)}

 

 Acesse:http://www.palavrantiga.com/ e conheça mais sobre o grupo.

Edir Macedo chama cantores evangélicos de endemoninhados

Cantores evangélicos se revoltam com as declarações de Edir Macedo e desabafam no twitter

Depois de causar polêmica em seu blog ao comparar os cultos pentecostais com a macumba brasileira, o  bispo Edir Macedo reaparece na mídia evangélica e causa revolta nos fãs da música gospel, ao afirmar que 99% dos cantores evangélicos são endemoninhados e perturbados. De todos os cantores evangélicos, a mais ofendida foi Ana Paula Valadão, do Diante do Trono.

A crítica de Macedo não ficou sem resposta. Logo após a divulgação da notícia, cantores evangélicos começaram uma reação em cadeia no twitter:
@Mauro_G3: Edir Macedo não chamou só a mim, mas a todos cantores e músicos da música gospel, de endemoniados.¬¬
@Eyshila1: Não importa o que falam, mas quem fala… Não costumo dar ouvidos a quem se diz a favor do aborto. E com essa eu digo good night!
@Eyshila1: Reformulando: pessoas que se declaram a favor do aborto, e ainda publicam isso em sua biografia, não merecem o meu respeito. Guardem o coração de vcs!!!¬¬
@Mauro_G3: … ainda mais depois de saber q o Edir Macedo me chamou de endemoniado! Hahaha. Vem expulsar então!!! Kkkkk¬¬
@DucaTambasco: No final sobrou até pra mim! Virei endemoninhado de quebra. Acho que tô mais “en-macacado” pq hoje eu tô com a macaca! Boa noite/dia.
@andrevaladao: Não tenho dificuldade em falar sobre a IURD afinal, #IgrejaUniversalNãoÉEvangélica @BispoMacedo o Macalister não te ensinou o q tens feito.
@andrevaladao: @BispoMacedo Já estive com um dos seus filhos e tive mt dó de você. Já estive com mts dos seus pastores e tenho nojo da sua liderança.
@andrevaladao: @BispoMacedo Penso na tristeza do bispo Macalister em ver a sujeira, vergonha e o desvio q virou a sua vida.
@Nani_Azevedo: Pelo menos nos nossos cultos nao somos nos que damos mais tempo aos demonios do que a a Deus como fazem lah …
Já a cantora Ana Paula Valadão, pivô das acusaçoes do bispo, não quis rebater a ofensa: “Não se preocupem comigo qto a essas críticas…estou em paz no meu Senhor!”, disse a pastora no twitter.
A polêmica envolvendo as bandas de música gospel veio à tona no mesmo dia em que o bispo foi denunciado pelo Ministério Público Federal, acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Som Livre x Line Records
Para alguns usuários da comunidade do Orkut destinada ao grupo Diante do Trono, as mensagens dos bispos da Universal são na verdade uma forma de tentar barrar a venda dos CDs dos artistas da Som Livre (empresa do grupo Globo), que por meio do selo Você Adora está investindo na contratação de cantores gospel, como foi o caso do DT, já que Macedo e a Universal também têm uma gravadora de música gospel, a Line Records, que por sua vez tem o selo New Music, que lançou artistas como Banda Audiolife, Jessyca e Robinson Monteiro, apelidado de “Anjo” (lançado por Raul Gil na Record). Resta saber se o bispo também considera estes cantores endemoninhados…
Veja os vídeos com as acusaçoes do bispo Macedo:
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Copiei da Redação do parceiro Púlpito Cristão

Stênio Marcius: "não quero fama (…) estou bem satisfeito com a salvação"

A declaração de Stênio Marcius pelo twitter resumiu o que penso sobre a visão correta do músico e artista cristão. No mundo gospel a fama, dinheiro e glória têm sido as motivações do $ervir a Deu$ para muitos. Certamente isso parece estar longe do que Deus quer na vida cristã.

Jesus não é Zé Colméia e nem eu gosto de mel

Por Antognoni Misael
Pessoal, a amada Damares acertou em cheio. Sim, digo e ratifico. Se seu objetivo foi fazer uma música que pega, cola, perturba, persegue, descontrola e desconcorda  com a palavra de Deus, pode crer, deu muito certo! Além de ser uma de “arma bélica” para atordoar a “vizinha fofoqueira”, também é um ótimo hit remix para fim de festa de fogo. A música é provocativa e não poupa ironia, no entanto está a quilômetros de distância da mensagem do genuíno evangelho de Jesus.
A pop star ovacionada nos “cultos de reteté” segue a tendência antropocêntrica das canções do mercado gospel as quais classifico em sua grande maioria como canções rendidas aos pretextos da pós-modernidade (bem estar, prosperidade, consumismo, personalismo, hedonismo, etc.). A música que começa até bem dizendo que  O agir de Deus é lindo na vida de quem é fiel”, apesar de alguns erros de gramática, retrata uma luta que será redundada no final em vitória cujo resultado é a prova de que se é um escolhido.
Gente, esse subjetivo embate “provação” x “vitória final” é uma velha conhecida “bomba xilene” da Teologia da Prosperidade para atender a demanda dos gostos mais variados. Na sua cara não há aparentemente o sinal $, mas seu objetivo final é se dá bem ($$$) aqui na terra. A música tem o tipo de letra que cabe pra qualquer tipo de problema, pra qualquer tipo de pessoa, e no final, o resultado sempre será agradar ao homem e se resolver qualquer tipo de problema.
Analisemos a letra:
Deus vai cumprir tudo que tem te prometido”. -> Meus nobres leitores, pergunto: o que será que Deus nos tem prometido mediante as escrituras? Será Ele fiel a nós ou a Sua palavra? A música não fala o que Ele tem prometido né, mas a Palavra sim: Disse Jesus: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16:33). Como também nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. (Rm 8.1)
Você vai ver a mão de Deus te exaltar > Ops! Cuidado pra não ir pensando que essa exaltação é relacionada a Hyunday, BMW, Renault, ou ao Ap beira mar, etc. A exaltação acontece no tempo de Deus e conforme a sua Vontade. Seria bom ela ter dito também que pra ser exaltado, antes é necessário se humilhar. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte. 1Pe 5:6.
“Quem te viu passar na prova e não te ajudou, Quando ver você na benção vão se arrepender”– > Nessa hora acontece o descarado “evangelho” da segregação e vingança – o inverso das boas novas -, que concorda com aquele tipo de pregação insultante aos que não “querem” se arrepender. Esta frase é ridícula, pois sintetiza claramente como o “amar até o inimigo” é algo rancoroso e cheio de prepotência. Esta frase também dá ideia constante batalha espiritual cujo inimigo é o vizinho, o chefe de trabalho, ou a empresa concorrente. Seria isso uma ameaça? Não quero dramatizar, mas com certeza eles não irão se arrepender dos seus pecados há não ser que o Senhor toque nos seus corações. A música continua: “Vai estar entre a platéia e você no palco”. Esse trecho confirma novamente que a Damares fala de uma vitória material, ou seja, estar num lugar de destaque, status, certamente esse lugar deve ser uma “colméia de abelhas”.
Amados o que nos falta hoje é cantarmos o evangelho de Cristo, as grandezas de Deus, seus atributos, sua graça, sua misericórdia. Precisamos voltar aos belos poemas de Davi, as lindas canções de Sião. Precisamos pensar nas coisas do alto, não nas que são aqui da terra (Colossenses 3 : 2)”. Cristo está voltando! Para isso é bom relembrar que a adorar a Deus é venerá-lo pelo que Ele é independe se Ele faz algo em nosso favor ou não, se é que o mais importante já foi feito. É aprender a amar nossos inimigos; é saber lidar com os “não cristãos” e não ignorá-los, pois estes não têm o saber do Espírito; é deixar esse costume de cantar músicas focalizando as “coisas” de Deus: “vitórias, sucessos, bens matérias, etc.”, e cantar na lógica de que buscando o seu Reino em primeiro lugar todas as coisas serão acrescentadas.
O palco cuja cantora afirma que se estará, no fim da canção, verdadeiramente não condiz com o lugar dos seguidores de Jesus. O verdadeiro palco não é acima das pessoas, mas em abaixo delas: aquele que quer ser o maior seja servo (Lucas 22:26). Muitas vezes esse palco é um deserto, uma solidão, uma cruz (Tiago 1:2-4).
Sejamos atentos para que não misturemos o verdadeiro evangelho de Cristo com os desejos do coração do homem. Agora pra finalizar pergunto: SANGUE DE CORDEIRO TEM GOSTO DE MEL? Pois é, a minha vitória não teve e não tem sabor de mel, mas sim derramamento de sangue, e sangue carmesim que me purificou de todos os meus pecados, e é somente por esse motivo que tenho infindas razões para adorar ao meu Jesus.
Ser “Crente Zé Colméia” é coisa de “Crente Gospel” que gosta de mel.

(Postagem publicada no mês de maço de 2011, e trazida à tona novamente devido a contínua perturbação desta canção)

O legado musical de Jayrinho

Por Antognoni Misael 
Jairo Trench Gonçalves, conhecido no meio evangélico como Jayrinho, foi um jovem talento musical das décadas de 70 e 80. Considerado como um dos grandes referenciais da música evangélica brasileira por muitos cristãos da avant garde musical. Sem a menor sombra de dúvida, quem gosta e se identifica com o trabalho do Grupo Logos com certeza se vislumbrará com as canções do artista que formou, ao lado de Paulo Cezar, o Grupo Elo.
Jairo foi o único filho homem em meio a quatro meninas. Filho de português, viveu em São Paulo e teve uma vida nobre, confortável, devido a estabilidade dos pais. Quando conheceu a Cristo nos idos de 1970, apressou-se em servir a Deus de forma exclusiva partindo para o Instituto Bíblico Palavra da Vida onde se preocupou em estudar teologia. Ao completar os estudos em 1974, conheceu Hélia, com quem se casou no início de 1975, em São Paulo.
O que era ser um jovem cristão na década de 70? Nada fácil. Enquanto o entretenimento era sacudido pelo Rock in Roll de bandas como The Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, e tantos outros artistas e segmentos cujas mensagens eram contrárias aos princípios bíblicos, a igreja evangélica no Brasil dava ainda passos modestos tanto em questões culturais quanto na musicalidade própria – criação de melodias e elaboração de arranjos musicais de qualidade.
Jayrinho contribuiu bastante para formatação e inovação na música crista. A inovação aconteceu quando um grupo de oito pessoas escolhidas pelo maestro norte-americano Dick Torrans, missionário do Palavra da Vida, quebraram a tradição musical européia (“escandalizando” no bom sentido) e passaram a compor canções próprias – Jayrinho compôs “Nos montes eu vou, com Cristo eu estou, nos vales campinas, com meu Salvador…, etc.” e outras .

Como desbravar era uma missão desafiadora, Jayrinho junto com seu grupo, aprovados e capacitados por Deus, passaram a se apresentar nas praças, ginásios de esporte, pequenas e grandes igrejas, indo, indo, indo e sem nunca deixar fugir o sorriso dos lábios e o comprometimento com o Reino. É válido ressaltar que neste maravilhoso grupo também participavam o Paulo Cezar, juntamente com a Nilma, sua esposa, e Nancy, esposa do maestro Dick, também produtor e arranjador musical do grupo.

Jayrinho era um líder, idealizador, um sonhador “ambicioso”.  Seu desejo era ampliar os espaços, enriquecer mais a música cristã, conhecer novos horizontes. Sensível e de grande musicalidade, era capaz de formular ideias, compor poesias simples, porém cheia de sofisticação. Relatou o músico Ivan Cláudio (parceiro de grupo ao lado de Jayrinho e Paulão) que este passava horas com seu violão, às vezes diante do piano cantarolando até que a melodia fluísse. Jayrinho utilizou de todos os recursos que possuía (instrumentos musicais, sintetizadores, etc.) perseguindo sempre a música de qualidade. Era um perfeccionista.
Num primeiro momento preferiu não ferir a tradição quanto a certos costumes da música, como a utilização da bateria (um pepino indigesto por parte da igreja) –  enfrentada pelo grupo  Vencedores Por Cristo, que naquela mesma época introduziu vários instrumentos censurados pela comunidade evangélica brasileira. Para comprovar isso basta ouvir o primeiro disco gravado por Jayrinho “Calmo, Sereno e Tranqüilo” – este tinha apenas o uso do violão e, quando muito, um contrabaixo.
Ao final do ano de 1975 foi formado o ‘Grupo Elo’, e a partir daí Jairo montou todo um aparato para gravação e impressão, que funcionava no mesmo prédio do Mapa Fiscal Editora, de propriedade de seu pai em Atibaia-SP. Enfrentando as censuras instrumentistas, comporam um arsenal de  discos belíssimos: “Nova Jerusalém”, “Ouvi dizer…”, “Um dia”, “Calmo, sereno e tranqüilo”, “Nova Canção”, e em 2008, “O ensaio”, que é um registro único de momentos de ensaios, elaboração de arranjos e composições do Elo.

As músicas de Jayrinho evidenciam melodias belíssimas, bem definidas; particularmente noto a verve das baladas de MacCartney, o blues, o Country, o jazz e a bossa. Certamente nele foi respingado um pouco de cada influencia dos sons nacionais e de fora. As letras eram igualmente belas, simples, humanas, profundas. Escutem a simplicidade da canção “Um Dia” e “Ao sentir”, escritas por ele e note um pouco de sua forma de ver o mundo, Cristo, e a vida.

Tudo estava à pleno vapor, quando em 1981 Jayrinho veio a falecer em um acidente de automóvel na estrada de Atibaia-SP. Morreram ele, sua esposa Hélia e seu filho mais novo, ainda bebê, André – Cristo os tomou para Si. A sua alegria, bom humor, espiritualidade, ficaram marcadas para nós como lembrança nas melodias e letras que nos legou.

No mesmo ano de sua morte, o Grupo Elo, que tinha alcançado a venda de mais de 800.000 Lps e a Revista Elo, que tinha chegado a mais de 28.000 assinantes abrangendo o Brasil, Angola, Portugal, Moçambique e Espanha, se desfizeram. 

Resta-nos hoje só recontar a história deste que foi um dos maiores compositores e cantores da música cristã moderna. Meu desejo é que as gerações presentes, os grupos de louvor, os músicos e ministros da música, tenham a oportunidade e prazer de conhecê-lo assim como eu tive.

Viva a música cristã de qualidade!!
***
Fontes:
SOUZA, de Salvador. História da Música Evangélica no Brasil. Clube dos Autores, 1ª edição. Brasília-DF, 2011.

Viva ao Brasil (in) dependente!

Por Antognoni Misael
Brasil, um país de “TODOS”, uma nação “independente”, um “paraíso tropical”; estes são alguns dos adjetivos de nossa “Mãe Gentil”. Hoje, 7 de Setembro, em todos os Estados brasileiros os desfiles cívicos e as celebrações formais homenageiam a pátria pelo aniversário de sua independência.
De fato realmente foi uma independência marcada pelo joguete político. Se devíamos um enorme montante aos ingleses, após uma manobra caímos nas garras dos norte-americanos sob um absurdo valor de uma dívida externa infinda. Tudo herança portuguesa. Um país estuprado pelos colonos que teve os verdadeiros “donos” dizimados, os escravos massacrados, e que seguiu o curso da história com a pedagogia cruel de tirar proveito de todas as situações.

Os colonizadores tiraram proveito de nossas riquezas; os reis, os burgueses, os políticos, os países, até que nós mesmos fomos contaminados por esta (in)consciente herança: eu quero é me dar bem!

Quem é o Brasil? País do futebol? Do samba? Do Lula? Das belas praias? Da garota de Ipanema? Da floresta amazônica? É… não importa saber quem é o Brasil, o que vale é comemorar que somos independentes, afinal ninguém manda mais em nossa terrinha tupiniquim. Será?

Alguns conselhos para o músico cristão

Por Antognoni Misael 

A história da música na igreja já passou por diversos estágios até ter se tornado o que de fato é no século XXI. Decerto esta história é bem mais antiga do que pensamos – a saber, que Deus fez uso da música desde o princípio do mundo e até hoje continua se agradando de suas variedades. Uma versão da bíblia, em espanhol, de Casiodoro de Reino, de 1969, apresenta a seguinte redação de Ezequiel 28.13: “Teus tambores e flautas estiveram preparados para ti no dia da Tua criação”.  Não obstante, a primeira citação relacionada a música nas Escrituras acontece com Jubal, filho de Lameque, tido como “o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gn 4:21); outras passagens relatam sobre Moisés e o povo de Israel quando cantavam (Êx 5.1); Miriã, irmã de Arão e Moisés, que além de cantar e tocar também dançava (Êx 15.20-21); os cânticos de Davi (2Sm 22.1), e a exímia arte de compor canções, do seu filho Salomão (1Rs 4.32); Jesus cantando com seus discípulos (Mt 26.30), e o episódio de Paulo e Silas na prisão louvando ao Senhor (At 16.25).

Certamente na Bíblia não encontramos um livro ou capítulos específicos sobre música, assim como não existe nenhuma contribuição relacionada a técnica, ao sistema tonal, ritmos, harmonizações, técnica vocal, etc. Alegoricamente a Bíblica deixa implícito que há outras fontes de pesquisa, estudo e sistematização adequadas para um preparo correto e coerente para a função do músico na eclésia, visto que a música (como ciência e arte) é uma cultura mutável de acordo com etnias e lugares e seria ilógico deixar para a Igreja um padrão estético pré-moldado – sem falar que a Bíblia não é um fonógrafo.
Decerto, o que aconteceu foi um acompanhamento natural da história da música na igreja com a própria História da Música Ocidental – tratando-se, claro, de ocidente. Não precisamos de longos estudos pra entender que quando o Rock, a Balada e o Pop, (e em menor grau o Blues, Jazz, Samba, Forró, etc.) entraram definitivamente nos repertórios congregacionais das igrejas brasileira na década de 90, só assim o fizeram porque já estavam normalizados na Música do Ocidente. Isto se torna um problema na medida em que não sabemos posicionar nossos conceitos por desconhecer nosso próprio passado, tanto como igreja, quanto como músico.
Atualmente muitos dos que compõem a comissão de frente nos cultos solenes adoram serem chamados de levitas, de serem respeitados, e/ou até vistos como um “canal sagrado” de bênçãos e unções durante as ministrações. Na verdade, o que percebo de perto – como músico “deslevitado” que há 14 anos vive ecoando acordes dentro e fora da igreja – é um certo relaxamento por parte de muitos músicos e líderes envolvidos com a área.
Não há dúvidas de que é importantíssimo na vida de um músico cristão o zelo pela assídua frequência no templo, oração e leitura bíblia. Contudo ainda não é tudo! Ser músico a serviço de Deus é algo que abarca vários detalhes imprescindíveis (principalmente nos dias de hoje onde a música gospel, parece não ter nada do Gospel) para que “verdadeiro adorador” seja um adorador da Verdade.
Fiz algumas observações que considero importantes para os músicos que ministram na igreja:
1) Além de uma vida de adoração, devoção e piedade, busque se aprofundar no estudo musical. Como alguém pode dar o melhor a Deus se não busca aperfeiçoamento técnico? Saiba servir também com um bom instrumento, com belos acordes, ritmo e uma excelente afinação. Isso seria o Básico!
2) Leia bastante sobre a história da igreja e sobre história da música para que você se situe no tempo e espaço. Por exemplo, pra se ter uma idéia, foi apenas no século XVI, na Alemanha, que a igreja protestante liderada por Lutero, desenvolveu a tradição de compor hinos populares cantados em alemão na forma coral (substituindo o cantochão medieval em latim). Então após reforma, tal formato de hinos passou por um processo de “canonização” evangélica, repelindo qualquer aceitação de outras canções senão aquelas dos hinários, entendidas como “as músicas inspiradas por Deus”. O curioso é que essa tradição européia chegou até o Brasil através da colonização e resistiu, a grosso modo, incrivelmente até os idos de 1970.
3) Conheça as funções normais da música e desconstrua a ideia de que ela é sinônimo de adoração. Além de arte, Música é linguagem. Na cultura africana ela tinha uma função especifica de comunicação, o toque dos tambores serviam para um aviso ou chamamento; o que da mesma forma ocorre na ordem unida do militarismo em geral. Atualmente ela tem utilidades peculiares como fundo musical, jingle de comerciais, movimentação sonora para shoping, etc. Na igreja ela pode ser utilizada para: louvor, adoração, comunicação do evangelho, confraternização, entretenimento, casamentos, ensino, testemunho. Ou seja, é bom que o músico saiba qualificar cada música na função especifica, de forma oportuna com os momentos de culto.
4) Procure entender como surgiu a verdadeira música estilo Gospel. Com a segregação racial, no início do século XIX algumas igrejas negras (Batista, Metodista, dentre outras) desenvolveram a música Gospel, que foi resultado de uma miscelânea entre as canções de trabalho (worksong’s) entoadas pelos negros escravos, músicas folclóricas, blues and Jazz, decorrendo em características congregacionais com envolvimento alegre e emotivo entre os fieis. No Brasil, por volta dos anos 90, o Gospel surge como uma marca patenteada por um clã específico, e legitimada por vários grupos que notaram o potencial rentável do mercado evangélico. Hoje, ser “Gospel” no Brasil é ser Pop, ser Astro.
5) Procure conhecer muita música cristã para servir a igreja local com um repertório edificante. Escute VPC, Grupo Elo, Logos, Sérgio Pimenta, Bené Gomes, Adhemar, dentre tantos, e observe o que ela traz de diferente do Gospel de hoje. Sendo assim, nunca avalie uma canção pela popularidade dela, mas faça uma análise estrutural: letra, mensagem, melodia, harmonia, ritmo, respaldo bíblico. Para que a análise seja bem sucedida não esqueça de que o conhecimento teológico, crítico-musical precisam estar bem afiados.
Estes pequenos conselhos não são frutos de excesso de conhecimento, mas de uma longa aprendizagem, cheia de acertos, mas também repleta de erros. O que não podemos fazer é desistir de sermos melhores para Deus e para as pessoas. (1Co 10.31)