O verdadeiro sucesso na Música Evangélica

Por Antognoni Misael

No reino de Deus aquele que quer ser o maior torne-se menor (Marcos 10:44). Sendo assim, observando a música dita evangélica, não como adoração e louvor em seu fim, mas como meio, vejo algumas distorções colossais entre o chamado sucesso à luz da Bíblia e “$uce$$o Gospel”:

– Sucesso seria não pensar em $uce$$o. Mas buscando em primeiro lugar o reino, e compreendendo que o Senhor há de suprir toda necessidade do artista cristão.
– Sucesso seria oferecer a música a Deus com toda excelência e criatividade, mesmo que isso lhe faça renunciar a sugerida “fórmula de mercado”, tentadora para quem quer $uce$$o.
– Sucesso seria compreender que a quantidade de público não significa nada diante de Deus, visto que se Deus lhe quer cantando em uma congregação com 20 irmãos, não adianta sonhar com 20.000 aos seus pés. (Tem coisa melhor do que ser visto e aceito por Deus?)
– Sucesso seria se enxergar como miserável pecador, porém usado como instrumento de Deus para levar a Palavra dEle através da canção.
– Sucesso seria poder cantar juntos com os irmãos, e após o culto (Show) não ter que sair pela culatra às pressas temendo os frenéticos fãs aos gritos de idolatria.
– Sucesso seria amar o lugar social e cultural cujo Deus o inseriu, e através da música lutar para conversão da cultura à Ele. (Infelizmente ainda vejo sonhadores advindos do sucesso no mundo na ânsia de estourar como cantor gospel nas rádios e Tv’s dos grandes centros. Se estes cantores focassem no local em que foram colocados por Deus ao invés de rádios, e TV’s, certamente a missão cultural evangelho seria vivida em experiência pessoal e o nome de Jesus Glorificado)
– Sucesso seria poder gravar alguns CD’s pensando em abençoar pessoas, sem apego a fama, sem assessoria comercial, mas de corpo e de coração.
– Sucesso seria terminar a vida e mesmo notando que poucos ouviram suas canções, alegrar-se no Senhor por uma alma salva através da Palavra cantada. (Uma alma salva vale mais que milhões de “crentes” pulando no show de Gezuiz! Portanto acredite naquele irmãozinho que canta Verdades com seu simples violão – Deus pode estar aprovando sua adoração e reprovando a casa de Show lotada em nome dEle!!)
– Sucesso seria poder cantar perseverando na doutrina como fazia a Igreja Primitiva, e não sofrendo vexames com frases antropocêntricas e esquisitas. (Os Salmos nos ensinam muito bem, além da criatividade, o lugar de Deus e o lugar do homem na adoração)
– Sucesso seria não se deixar virar um astro, mas tornar-se a cada dia um missionário.
– Sucesso seria cantar e ver pessoas quebrantadas ao perceberem a grandeza de Deus e o quão pecadoras são, e não, surpreendê-las com chavões e frenesis típicos de um carnaval fora de época.
– Sucesso seria não aceitar a glória para si, mas se despir do personagem, do alto contrato, dos inadmissíveis lucros. (Isso me faz lembrar um episódio verídico vivido numa cidade do sertão da Paraíba onde um dito cujo exigiu o pagamento antes do show e além disso descumpriu a própria cláusula que assinou ao trazer um grudo reduzido e cobrar por um número maior)
– Sucesso seria escolher um caminho estreito e apertado cujas canções cantem as Escrituras e não as experiências. (Este caminho parece não agradar ao povão, aliás cantar “Quem tem posto a mão no arado não pode mais olhar atrás” é “menos” empolgante do que pular e dizer “Apaixonadoo, Apaixonadoo”!!)
– Sucesso seria aproveitar as raras oportunidades oferecidas por canais televisivos para dizer ao povo que eles são pecadores, e que se não reconhecerem Cristo como único e suficiente Salvador, irão para o inferno. (Vi como uma vergonha as recentes aparições dos evangélicos na TV; não vi nada de criativo nem tampouco de verdadeiro. Enquanto um apresentador famoso dizia: “milhares de fãs comparecem ao festival para verem seus ícones da música gospel” eu ratificava em mim: “eles não estão entendendo nada”, e profundamente me envergonhava)
– Sucesso seria morrer pra si, e mostrar com a vida e com sua música que Cristo vive em si.
A grande verdade é que de muitos anos acompanhando (por vezes de perto) este mundo da música evangélica, confesso que já vi de tudo. Paguei caro (e não errarei de novo!) pra ver quem me trouxesse um show super emotivo, mas vazio, e vi de graça quem me falasse e cantasse a Graça de Deus e o Evangelho de Jesus. Não tenho dúvidas: têm muitos fazendo $uce$$o, mas outros, que pela graça de Deus, entenderam que em Cristo sucesso é ser pequenino, humilde, simples, usando da mais bela e pura forma a sua arte a serviço do Reino.
Que Deus nos dê misericórdia para que sejamos menores em Seu reino. “É necessário que Ele cresça e que eu diminua”. (Jo 3:30)
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Cansado da pobreza teológica, poética, estrutural e instrumental da thurma do $uce$$o.

Youssef Nadarkhani não nega a Cristo e pode ser morto a qualquer momento

Vivemos em tempos “fáceis”. Muito “fáceis”.
Têm igrejas pra todos os gostos. Têm pastores pra todas as crenças.
Enquanto muitos querem tirar uma casquinha de Jesus em busca de um carro novo, uma conta gorda, ou uma vida de luxo, o evangelho vai se esvaindo em tortas formas de se compreender a Cruz de Cristo.
A porta tá ficando larga. Muito larga.
Sendo assim eu me canso de palavrinhas mágicas, “adorações” em clubes de festa, de shows, de profecias nacionalistas, batidas representações de “vasos”, “ungidos”, ou “apóstolos”.
Me canso de ver uma fé circunstancial voltada para as coisas daqui.
Enquanto no Brasil a thurma briga por uma fatia midiática pra Deu$, no Irã um coração insiste em sustentar a fé em Cristo Jesus.
Misericórdia Senhor. Tende misericórdia de nós. Que vivamos unicamente pra ti servir, e que em nossos atos possamos ratificar: nada nos pertence. Que o nosso viver seja Cristo, e nosso morre seja lucro.
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Oremos pra que Deus livre a vida de Youssef Nadarkhani. Portanto Deus: faça a Sua vontade!

"E quando a performance ofusca o brilho do conteúdo"? – Confira a entrevista de Paulo Cezar

O pessoal do Cristianismo Hoje realizou uma ótima entrevista com o pastor Paulo Cezar, líder do Grupo Logos onde problematizou a questão da música, adoração e mercado. A entrevista é longa,  porém nós separamos alguns trechos, e tendo em vista que a temática encontra-se bem discutida ainda hoje. Indicamos a leitura para todos os músicos e ministros da igreja. Confira.
CRISTIANISMO HOJE – Você é um dos nomes mais conhecidos da música cristã brasileira, tendo acompanhado de perto sua evolução nos últimos 30 anos. O que mudou para melhor e para pior ao longo desse tempo?
PAULO CEZAR – Para melhor, acho que mudou a qualidade técnica. A evolução dos músicos, dos estúdios, dos instrumentos e do som é perceptível. As chances de alguém gravar e fazer um bom trabalho, hoje, são muito maiores do que antes. O que mudou para pior, com algumas exceções, foi o conteúdo, tanto do que se produz como do objetivo com que se canta. Atualmente, a chamada música evangélica, ou “gospel”, está sendo atacada de todos os lados. O mundanismo tomou o lugar da contextualização. Além disso, vemos a repetição de muitos jargões, palavras de ordem e mensagens de prosperidade.
Por que a música evangélica de hoje carece de conteúdo?
As músicas e tais tendências nos conduzem a nomes, mas eu não quero, de modo algum, reconhecer ou classificar adoradores. Afinal, se Deus os procura, quem sou eu para achá-los? Mas creio que as letras são escritas de acordo com várias influências. O conhecimento é um desses aspectos, e é importantíssimo. Ninguém, mesmo que queira, poderá escrever sobre o que não sabe. A falta de conhecimento ressalta a superficialidade e o apelo emocional. Em outras palavras, um compositor ou pregador superficial ficará contente diante de pessoas chorando no altar ou mãos erguidas no auditório – mesmo que os ouvintes não sejam salvos ou que seu caráter não seja mudado nos dias que se seguem. Outro aspecto é a razão. Responder conscientemente ao motivo pelo que se compõe é determinante para quem o faz. E isso é que faz toda a diferença!
Mas essa contextualização é boa ou não?
Acredito que essa tal contextualização tem levado compositores, escritores e pregadores a compor, escrever e dizer o que seus “clientes” gostam, e não o que precisam. Eles não percebem que, agindo assim, perdem a inspiração divina e a própria criatividade.
Ainda existe espaço para grupos de louvor com visão missionária, como Logos e Vencedores por Cristo?
Com toda certeza, ainda existe sim. O Senhor nos tem aberto portas em muitas denominações. Fazemos três grandes viagens todo ano, cada uma com duração de dois meses e meio, nas quais visitamos as igrejas diariamente. Nosso trabalho é evangelístico – e o que queremos é anunciar o Evangelho de forma séria, através de boa música e de mensagens claras e objetivas.
O que você e o ministério Logos têm feito no sentido de dar contemporaneidade ao seu trabalho, evitando parar no tempo?
Bem, em primeiro lugar, temos seguido o exemplo da Bíblia, nunca mudando a essência do que fomos chamados a ser e a fazer. Temos também procurado usar os instrumentos modernos em nossa música. Ao dizer isso refiro-me tanto aos instrumentos que são pessoas, quanto aos instrumentos que são coisas; porém, sempre tomando o cuidado de não permitir que um ou outro assuma o centro das atenções. Estamos conscientes de que, quando a performance ofusca o brilho do conteúdo, só resultados superficiais são colhidos.
Quais são os artistas que hoje atuam e que chamam sua atenção positivamente pela postura e pelo ministério?
Há vários adoradores no meio artístico. Eu prefiro não citar nomes para evitar injustiças, mas resumo minha resposta afirmando que os que chamam a minha atenção são aqueles que têm um compromisso verdadeiro com o Senhor e fazem de suas vidas a maior expressão daquilo que pregam.
E quando esse entendimento é jogado para escanteio em nome do mercado?
Se eu não tivesse certeza de que este veículo de comunicação circula na Igreja, pularia esta pergunta. Testemunhar de coisas que não são boas não me traz alegria. Acho que as coisas ruins que eu tenho testemunhado são frutos de falsas conversões e de distorções daquilo que alguns chamam de “ministério”: A ganância por posição, popularidade, fama e dinheiro é absolutamente antagônicos ao caráter do Reino de Deus e em momento algum reflete o ministério daquele em quem nos espelhamos, Jesus. Quando sei dos valores que alguns “homens de Deus” cobram para fazer algo “em nome de Jesus,” sinto-me enojado. Não fora minha consciência de ministério, eu me sentiria ultrajado como servo. Mas isso também não me surpreende; a Bíblia está repleta de admoestações relativas a esse tipo de pessoas. Muitos se escandalizam por um político que esconde dinheiro nas meias, não é? Pois isso é muito pouco diante de “servos” que o escondem no coração.
Você tem uma postura crítica em relação à apropriação comercial da música evangélica, particularmente por parte das grandes gravadoras do segmento?
Não sou contrário a essa apropriação da música em si, porque os direitos de um contrato são mantidos por lei. Minhas críticas são por outros motivos. Tenho certeza de que a parte comercial de uma gravadora – evangélica ou não – sempre dará prioridade ao lucro. É o lucro que a fará conquistar o mercado, e por causa disso a visão ministerial, ainda que exista, será considerada em um plano inferior. Não vejo problema em que se venda a Bíblia no bar da esquina. Ora, qualquer um pode vender o que quiser; a diferença, para mim, está só na razão pela qual se faz isso. E é aqui que eu vejo o problema mais sério, quando o conteúdo de uma música realmente cristã não é o produto desejado para ser difundido pelas gravadoras chamadas evangélicas. Vale qualquer coisa, desde que resulte em grana!  Então eu pergunto: Onde está a visão do Reino nesse negócio?
Se uma grande gravadora propusesse hoje ao Logos um contrato vantajoso, qual seria sua resposta?
Olha, se uma gravadora vir o Logos como um grupo sério e maduro, que goza de respeito e aceitação por parte de várias denominações em todo país, não haverá impedimentos para uma aproximação. Temos princípios, mas nunca estamos fechados a contratos se a visão do contratante for de fato, ministerial, independentemente da competitividade artística do momento.
Como está a situação do ministério em termos de viabilidade financeira?
Bem, somos uma missão, e realmente sem fins lucrativos. Isso significa que sempre estamos com nossas contas em dia e nunca temos recursos antes de projetos. Funciona assim: temos projetos antes de recursos. Mas não estranho isso; acho que é coisa de Jesus, mesmo… Aprendemos com ele a ver pães e peixes serem multiplicados. Então, quando saímos, fazemo-lo como trabalhadores que o representam, e não como artistas e empresários.
É difícil conciliar essa busca por autenticidade com a necessidade de vender CDs?
Veja, o comércio não é pecaminoso, como também o dinheiro não é. O que faço com ele é o que me diferencia. Não componho para ganhar dinheiro, mas sei que vender os trabalhos é o modo de fazê-los chegar a quem preciso atingir. Sabemos que o trabalhador é digno de seu salário. Não é pecado ser bem remunerado. As pessoas pagam entradas para assistir jogos de futebol, peças de teatro e filmes no cinema. Nada mais justo do que remunerar o artista segundo a arrecadação que ele mesmo produz. Mas fazer missões é outra coisa!
Na sua opinião, é lícito ao músico cristão tocar profissionalmente fora da igreja? Isso não seria desvirtuar o talento dado por Deus?
Vamos por partes. Primeiro, é preciso compreender que a música é um talento, e não um dom espiritual. Como talento, ela não é santa em si mesma. Há coisas lindas compostas por artistas descrentes. Depois, é preciso pensar que a música é também uma profissão artística reconhecida em todo mundo; portanto, qualquer pessoa que tenha esse talento pode exercer essa profissão, sendo crente ou não. Há, entretanto duas grandes observações aqui. A primeira é que o músico crente, como qualquer outro profissional que conhece Jesus, tem que ter a sua vida santificada ao Senhor. Isso implica no seu testemunho comum de crente e na santificação de seu caráter de forma geral. Então, se ele cantava palavrões ou obscenidades quando não era crente, agora, com Cristo, terá de mudar essas coisas. A outra observação tem mais a ver com o chamado ministerial, e creio ser este o ponto mais importante. Se um músico, após a sua conversão, receber de Deus um chamado de dedicação total à obra e atendê-lo, então, também como qualquer outro profissional, estará à disposição do Senhor para servi-lo e por ele ser sustentado, não mais como um artista lá fora, mas como um servo no lugar onde estiver servindo.
Você já disse em várias ocasiões que é contra a cobrança de cachês por cantores evangélicos. Como o ministério Logos se sustenta financeiramente?
O Logos nunca cobrou cachê, e por princípio nunca o fará. Em todos esses anos de trabalho, sempre usamos o bom senso para termos as necessidades da missão supridas, sem colocar uma corda no pescoço de ninguém. Todos os pastores que nos conhecem, no Brasil ou fora dele, recebem o Logos com confiança. O que praticamos é uma taxa chamada de manutenção que qualquer igreja pode absorver. Ela cobre gastos com as viagens, que fazemos a bordo do nosso ônibus, com toda a equipe e equipamentos, aos lugares mais remotos do país.
O que você acha que deve acontecer com a música evangélica brasileira daqui para a frente?
Não quero responder com pensamentos previsíveis, mas com desejos de alma. Eu sonho com uma música diversificada em estilos e mensagens, que atenda as reais necessidades das igrejas. Sonho com bons músicos, crentes de verdade, que rendam seus talentos ao Senhor e testemunhem com suas vidas o caráter de verdadeiros adoradores. E, finalizando, sonho com uma Igreja que permaneça fiel diante dos modismos sufocantes da falsa contextualização.
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Fonte: Cristianismo Hoje.

Garota que recebe dez facadas do namorado reata namoro

Conceição de Coité –BA:  O acusado Vitor Gabriel Oliveira Mota, que se encontrava preso por ter desferido vários golpes de faca contra sua namorada, foi posto em liberdade nesta sexta feira,  pela justiça depois de reatar o namoro com a própria vítima. O advogado do acusado apresentou aos autos do processo uma carta escrita a punho pela vítima confessando seu amor pelo namorado e que pretendem se casar.

Para constatar a veracidade da informação, a Promotora de Justiça tomou depoimento da vítima e esta confessou que estava visitando o acusado na cadeia. Diante disso, segundo o Juiz de Direito Gerivaldo Neiva, não havia mais razões para continuidade da prisão preventiva do acusado, que continuará respondendo o processo em liberdade.
Sobre a possibilidade do acusado cometer novos crimes, o Juiz observou que exercitar a futurologia para saber antecipadamente se o acusado, primário e de bons antecedentes, voltará a cometer crimes ou agredir a vítima, não é tarefa para um magistrado. Sendo assim, ante a impossibilidade de prever o futuro, não pode o acusado permanecer preso com base apenas neste fundamento, ou seja, na hipótese de voltar a cometer crimes. Neste caso, por assim dizer, na definição de Dias Gomes para a viúva Porcina, a permanecer preso, o acusado seria aquele que “foi sem nunca ter sido”.
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O Sol, o Crente e o Paletó

Era o feriado do último carnaval.
De folga, debruçado no janelão do apartamento, contemplava o vai e vem dos automóveis e dos pedestres nas ruas que circundam o meu lugar de aconchego.
O calor era intenso!
O sol nos convidava a Jacumã e seu marzão sedutor.
Não apenas o sol, mas até mesmo a brisa, o vento, o brilho da natureza era um chamado a pés descalços, balanço na rede, água nas canelas e contemplação em êxtase ao Criador.
Adoração!
Assim! Sem mascaramentos, sem hipocrisias, sem idolatrizações, sem as manias humanas de tentar surpreender o PAI com as performances acrobáticas de uma suposta “fé”. Ah! Aquele dia gritava para que nós o adorássemos na “vadiagem” de um dia. Como a criação: sem palavras, sem sons “silabáticos” e fonéticos, mas ouvindo-sentindo a sua voz até os confins do mundo (Salmos 19.1-4).
Porém, algo perturba minhas reflexões matinais. Rosto grave, passos firmes, Bíblia na mão, sapato social preto, um bem cuidado paletó e muito suor escorrendo pelas faces e testa. Um “crente”, irmão de fé, a caminho do lugar de culto onde em meio a “glórias” e “aleluias” outros já o aguardavam. E em pleno feriado estavam “pagando o preço” do cristianismo.
A quantas a religião nos leva? Heim!?
Um sentimento de culpa quis acender em meu coração. Afinal, que fazia eu? Recuperava-me de uma jornada de intenso trabalho no dia anterior. Estava aproveitando o dia com a família, coisa rara! Mas a culpabilidade promovida pela religião e sua desconcertante visão tenta ferir nosso cansado coração-mente.
Não! Não permito em Nome de Jesus tal atentado contra mim e o Evangelho! (Romanos 8.1).
Não vou a lugar nenhum em dia de sol a pino paramentado de gravata e paletó como se fosse uma moderna veste sacerdotal.
Quero adorar de calção e chinelo, ou até mesmo descalço sentindo nos pés o chão de meu Deus.
Não quero falar com anjos e me faltar coragem de dialogar com meus filhos, minha mulher, irmãos, amigos e com aqueles que pensam diferentes de mim.
Não quero apenas estar no lugar “Igreja” e ver minha experiência comunitária travestida de ritos e palavras de ordem. Quero ser, eu o lugar-Igreja e minha vida ser um contínuo cultuar de Deus, onde a experiência comunitária seja um partilhamento existencial, espiritual com o meu próximo, em amor.
Quero adorar ao Senhor no sorriso diário mesmo em face da dureza da vida, por que a alegria do Senhor é a nossa força e este gozo não nos será tirado.
Não quero a tristeza sonora da religião, ou de qualquer manifestação que me escravize a ela. Mas vivo o rompimento dos sistemas promovido pelo Evangelho de Jesus.
Por isso, naquele dia saí pelas ruas, de bermuda e sandália, riso largo e peito cheio de amor, visitando a quem há muito não via; eu, a Sua Igreja, saí no Nome do Senhor adorando-o, fora dos padrões, fora dos portões, fora das prisões…
Não que eu não ache bonito uma gravata, um paletó, mas esse sol, esse vento, esse ar…
Em cristo, o sol da justiça.
P.S: Quem lê entenda, a crítica é ao sistema religioso, dito cristão e não as pessoas.
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Jofre Garcia é Teólogo, presbítero e membro da Igreja Presbiteriana de Guarabira-PB. Nosso mais novo parceiro de blog. Visite também Auxílio do Alto.

Baile sem máscaras

Vivei, acima de tudo, por modo digno do Evangelho de Cristo”

(Filipenses 1.27a)
Nas cinzas o carnaval se despede…
Os cânticos, os batuques, os frevos, as escolas e a constrangedora irreverência são findos. O país acorda de seu sonho transloucado, a tentativa a afogar todas as frustrações e amarguras da lida dura e diária num porre histérico e colossal. Algo que faz das antigas orgias dionísicas ingênuas brincadeiras.
É a tentativa mais brasileira de fugir do que se é, e depois, constatar que a fuga o leva ao mesmo lugar.
Após as danças acrobáticas, a alegria industrializada e os cortejos idolatricamente-paranóicos, chegam à ressaca nacional, contabilizando seus mortos e tentando lavar das ruas o vômito, a urina, a sexomania carnavalesca e a vergonha de expor o que devia e o que não devia nas redes de notícias.
A propaganda nos estimula a um grande baile onde as máscaras nos darão a liberdade de ser o que não se pode ser nos dias comuns, na vida comum, no jeito comum da cada um ser. Mas a inflexível verdade é que os mascarados estão escravizados. No carnaval a máscara não nos liberta, mas, nos transformam em seres manipuláveis, sub-produtos de uma dominação tenebrosa, contribuindo para uma desumanização da vida.
O carnaval é a mais completa metáfora da dominação deste mundo pelas potestades do ar.
Tudo é festa!??
Tudo é alegria!??
A festa é fantasia. Ilusória realidade que no fim dos desfiles se desfaz.
A alegria é imposta. Fruto da overdose das drogas lícitas e ilícitas.
Entre os cristãos – católicos-protestantes – há os que defendem um “carnaval pra Jesus”.  Pergunto: como o Cristo seria glorificado vendo seus filhos idiotizados no frêmito de um transe coletivo cujo a essência é o prazer ilusório e efêmero, o reino das máscaras?
No pretório não havia enfeites!
Os açoites cortavam a carne do Deus-Homem.
Na via crucís não havia máscaras!
Elas sempre foram os símbolos do paganismo e do culto idólatra.
No calvário, os gritos e a dor não era fantasia!
Era Redenção sendo realizada pelo sangue.
Quando o véu do Templo foi rasgado de cima a baixo pelo poder de Deus, por ocasião da morte do Redentor, fomos libertos das máscaras religiosas, culturais negativas, das manipulações espirituais, dos esmagamentos midiáticos, das ilusões dos sistemas e engrenagem que fazem deste mundo uma dominante e escravizante fantasia.
O povo de Cristo não precisa de máscaras nem agrega sua alegria ao calendário. Vive o Cristo em si e sua beleza é o reflexo do que há em seu coração.
Sem fantasias, sem ilusões, mas, com esperança, fé e amor.
Em Cristo, que não é ilusão, nem usa máscara. 
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Texto do amigo e irmão em Cristo, Jofre Garcia, direto do blog Auxílio do Alto.

Por Que Seminaristas Costumam Perder a Fé durante os estudos Teológicos?

Por Augustus  Nicodemus

Não quero dizer que acontece com todos. Mas, acontece com muitos. Conheço vários casos, inclusive próximos a mim, de jovens cristãos fervorosos, dedicados, crentes, compromissados com Deus, que gostavam de orar e ler a Biblia, que evangelizavam em tempo e fora de tempo, e que depois de entrar no seminário ou faculdade de teologia, esfriaram na fé, se tornaram confusos, críticos, incertos e até cínicos. Como Tomé, não conseguem crer (espero que ao final venham a crer, como graciosamente aconteceu com Tomé).
E isso pode acontecer até mesmo em seminários cujos professores são conservadores, que acreditam na Bíblia de capa a capa. Esse quase foi o meu caso. Após minha conversão em 1977, depois de uma vida desregrada e dissoluta, dediquei-me à pregação do Evangelho e a plantar igrejas. Larguei meu curso de Desenho Industrial na Universidade Federal de Pernambuco e fui trabalhar como obreiro no litoral de Olinda, pregando a uma comunidade de pescadores, depois no interior de Pernambuco entre plantadores de cana e finalmente entre viciados em droga em Recife. Todos me aconselhavam a fazer o curso de seminário e a me tornar pastor. Eu resistia, pois tinha receio de que quatro anos em um seminário iriam esfriar o meu ânimo, meu zelo, minha paixão pelas almas perdidas. Eu conhecia vários seminaristas e não tinha a menor intenção de me tornar como eles. Finalmente cedi. Entrei no seminário aos 24 anos de idade, provavelmente como um dos mais relutantes candidatos ao ministério que passara por aquelas portas. Tive professores muito abençoados que me ensinaram teologia, Bíblia, história, aconselhamento. Eram todos, sem exceção, homens de Deus, comprometidos com a infalibilidade das Escrituras e com a teologia reformada. 
Tenho que confessar, porém, que nesse período, esfriei bastante. Perdi em parte aquele zelo evangelístico, a prática de dedicar várias horas diárias para ler a Bíblia e orar. O contato com a história da Igreja, a história das doutrinas, as controvérsias, afora a carga tremenda de leituras e trabalhos a serem feitos, tudo isso teve impacto na minha vida devocional. Pela graça de Deus, durante esse período me mantive ligado ao trabalho evangelístico, à pregação. Mantive-me em comunhão com outros colegas que também amavam o Senhor e juntos orávamos, discutíamos, compartilhávamos nossas angústias, alegrias, dificuldades e planos futuros. Saí do seminário arranhado.
Infelizmente esse não é o caso de muitos. Se o Mauro Meister quisesse, ele poderia dar testemunho aqui de como quase perdeu a fé em Deus e na Palavra quando entrou no seminário da denominação à qual ele pertencia antes de ser presbiteriano. Ele teve que tomar uma decisão: ficar e perder a fé, ou sair. Preferiu sair — pelo que todos nós somos gratos! — e fazer outro seminário. Além desses dois casos que eu mencionei, conheço vários outros de seminaristas, estudantes de teologia, que perderam a fé, o zelo, o fervor, a confiança, e que saíram do seminário totalmente diferentes daqueles jovens entusiasmados, evangelistas, que um dia entraram na sala de aula ansiosos por aprender mais de Deus e da sua Palavra.
Existem algumas razões pelas quais essa história tem se tornado cada vez mais comum. Coloco aqui as que considero mais relevantes, sempre lembrando que muitos seminários e escolas de teologia levam muito a sério a questão da ortodoxia bíblica e do cultivo da vida espiritual de seus alunos. Não é a eles a que me refiro aqui.
1) Acho que tudo começa quando as denominações mandam para os seminários e faculdades de teologia jovens que não têm absolutamente a menor condição de serem pastores, professores, obreiros e pregadores. Muitos são enviados sem qualquer preparo intelectual, espiritual e emocional. Alguns mal fizeram 17 anos e foram enviados simplesmente porque eram líderes destacados dos adolescentes de sua igreja, eram líderes do grupo de louvor ou filhos de pessoas influentes da igreja. Não é sem razão que Paulo orienta que o líder não pode ser neófito, isto é, novo na fé (1Tim 3.6). Eles não têm a menor estrutura intelectual, bíblica e emocional para interagir criticamente com os livros dos liberais e com os professores liberais que vão encontrar aos montes em algumas das instituições para onde serão mandados. Não estarão inoculados preventivamente contra o veneno que professores liberais costumam destilar em sala de aula. E nem têm ainda maturidade para estudar teologia como se fosse uma disciplina qualquer, até mesmo quando ensinada por professores conservadores que mal oram em sala de aula.
2) Acho também que a culpa é das denominações que mantêm professores liberais ou conservadores frios espiritualmente nas cátedras de suas escolas de teologia. O que um professor que não acredita em Deus, nem que a Bíblia é a Palavra de Deus, não ora, tem para ensinar a jovens que estão na sala de aula para aprender mais de Deus e de sua Palavra? Há seminários e escolas de teologia que mantêm no corpo docente professores que nem vão mais à uma igreja local, que usam o título de pastor apenas para ocupar uma vaga na cátedra dos seminários. Nunca levaram ninguém a Cristo e nem estão interessados nisso. Não têm vida de oração, de piedade. Que exemplo eles poderão dar aos jovens que sentam nas salas de aula com a mente aberta, ansiosos e desejosos de ter modelos, exemplos de líderes para começar seus próprios ministérios?
3) Alguns desses professores têm como alvo pessoal destruir a fé de todos os seus estudantes antes mesmo que terminem o primeiro ano de estudos. Começam desconstruindo o conceito de que a Bíblia é a infalível e inspirada Palavra de Deus. Com grandes demonstrações de sapiência e erudição, eles mostram os erros da Bíblia e o engano da Igreja Cristã, influenciada pela filosofia grega, em elaborar doutrinas como a Trindade, a Divindade de Cristo, a Expiação. Mesmo sem usar linguagem direta — alguns usam, todavia — lançam dúvidas sobre a ressurreição literal de Cristo de entre os mortos. A pá de cal na sepultura da fé desses meninos é a vida desses professores. Além de não terem vida devocional alguma, alguns deles ensinam os seus pobres alunos a beber, fumar e freqüentar baladas e outros locais. Eles até lideram o grupo Noé (que se encheu de vinho) e o grupo Isaías (“e a casa se encheu de fumo”) nos seminários!!
4) Bom, acredito que uma fé que pode ser destruída deve ser destruída mesmo, pois não era autêntica e nem sólida. Quanto mais cedo ela for destruída e substituída por uma fé robusta, enraizada na Palavra de Deus, melhor. Acontece que os professores liberais e os professores conservadores mortos só sabem destruir; eles não têm a menor idéia de como ajudar jovens candidatos ao ministério pastoral a cultivar uma mente educada, uma fé robusta e uma vida de devoção e consagração a Deus: os primeiros, porque lhes falta fé; os segundos, devoção. Ao fim de quatro anos de estudo com professores assim, vários desses jovens saem para serem pastores, mas intimamente — alguns, abertamente — estão cheios de dúvidas quanto à Bíblia, quanto a Deus e quanto às principais doutrinas da fé cristã. Estão confusos teologicamente, incertos doutrinariamente e cínicos devocionalmente. Quando entraram nos estudos teológicos, eram jovens que tinham como a missão principal de sua vida pregar o Evangelho, glorificar a Deus e ganhar o mundo para Cristo. Agora, após quatro anos debaixo de professores liberais ou conservadores mortos, seu único alvo é conseguir campo para ganhar o pão de cada dia e sustentar-se e à família. Esse tipo de motivação destrói igrejas em curto espaço de tempo.
5) Não podemos deixar de lembrar que ao final, se trata de uma guerra espiritual feroz, em que Satanás tenta de todos os modos corromper a singeleza e sinceridade da fé em Cristo, atacando a mente e o coração dos futuros pastores (2Cor 11:3). Usando professores sem fé e professores sem vida espiritual, ele procura minar as convicções, a certeza, o fervor e a dedicação dos jovens que se preparam para o ministério. Aqui é pertinente o lema de Calvino, orare et labutare. Pela oração, os seminaristas poderão escapar da tendência dos estudos teológicos de transformar nossa fé em um esquema doutrinário seco. E pela labuta nos estudos poderão se livrar das mentiras dos professores liberais, neo-ortodoxos, libertinos e marxistas.
Eu daria as seguintes sugestões a quem pensa em fazer teologia e depois seguir a carreira pastoral.
Verifique suas motivações. O que lhe leva a desejar o pastorado? Muitos querem ser pastores porque não conseguem ser mais nada na vida. Não conseguem passar no vestibular para outras carreiras e nem conseguem emprego. Vêem o pastorado como um caminho fácil para ter um emprego.
– Procure saber qual a opinião de seus pais, de seus pastores, e de seus amigos mais chegados, que terão coragem de lhe dizer a verdade.
– Seja honesto consigo mesmo e responda: você já levou alguém a Cristo? Você tem liderança? Você tem facilidade de comunicação em público e em particular?
– Você tem uma vida devocional firme, constante, sólida, em que lê a Bíblia e ora, buscando a face de Deus, com zelo e fervor? Cultiva uma vida santa e reta diante de Deus, odeia o pecado e almeja ser mais e mais santo em seu caminhar?
Um colega de seminário me lembrou recentemente que uma das coisas que o impediram de perder a fé e o fervor durante o tempo de estudos foi que ele tenazmente se aproximou dos professores conservadores que eram espirituais, dedicados, fervorosos, que valorizavam a vida com Deus e a santidade. A comunhão com esses homens de Deus foi um refrigério para ele, e funcionou como uma âncora nos momentos de tentação e crise.
Lamento pelos jovens que perdem sua fé ou seu amor a Deus durante os anos de estudos teológicos. Lamento mais ainda pelas igrejas onde eles vão trabalhar e onde plantarão as mesmas sementes de incredulidade e frieza que foram semeadas em sua mentes abertas e despreparadas por professores que não tinham fé ou não tinham zelo.
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Fonte: http://tempora-mores.blogspot.com/

A maquininha do cartão e a generosidade de Stênio Március

Por Antognoni Misael
Ano passado editei parte da declaração do cantor Stênio Marcius que dizia: “Jamais a venda de CDs será prioridade. Não quero nada, fama, elogios, reconhecimento, estou bem satisfeito com a salvação. Quero + de Cristo!” Mais surpreendido fiquei quando tive uma experiência real com o querido Stênio e sua esposa, Selma – que pode parecer simples, porém foi fantástica.
Durante alguns dias pude ser grandemente abençoado com a presença do querido e suas canções no evento do Encontro para a Consciência Cristã na cidade de Campina Grande-PB. Canções como O Tapeceiro, É n’Ele, Alguém como eu, dentre tantas cantadas naquele tabernáculo com mais de 6 mil pessoas, me fizeram imaginar uma sinfonia de louvor sendo entoada na eternidade para a glória de Deus. Há tempos que eu almejava ver a igreja do Senhor O adorando com canções de graça, sem mantra, pula-pula, frases desconexas, rimas pobres, etc., onde a arte, a glória e a honra são oferecidas ao maior artista, o Rei do Universo.
O fato mais relevante ocorreu quando me dirigir ao standard dos CD’s do Stênio Marcius para adquirir o seu mais novo álbum A Beleza do Rei. Ao me dar conta de que estava sem dinheiro em espécie e acreditando que os queridos usavam a tão prática maquininha do Cielo para cartões de crédito e débito, perguntei a Selma se vendiam em débito automático. Ela me falou que infelizmente não tinham a maquininha. No mesmo instante, ao informar que iria realizar o saque num caixa eletrônico mais próximo e em seguida retornar para a compra fui interceptado por ela que disse: – “leve o CD, e quando puder deposite o valor em nossa conta indicada no encarte do disco”! No momento não aceitei, visto que nunca tinha feito uma compra de CD assim; embora não pondo em jogo a minha honestidade, mostrei que reprovei essa transação haja vista não ser conveniente pra quem vende: “- estamos no Brasil, e isso não é legal”, falei em tom de riso.
Selma insistiu. Me constrangeu ao dizer que levasse pois sempre faz isso quando as pessoas estão sem o dinheiro na hora, e que Deus nunca lhes deixou faltar as despesas investidas nas prensagens dos discos. “- Não é você nem as pessoas que compram nossos discos que nos sustentam, mas Deus! Leve o CD, seja abençoado, e quando puder nos abençoe”, foi mais ou menos isso que ouvi. Contudo, diante dessa situação resolvi ficar com A Beleza do Rei e constrangido com a alegria, fé e energia dela, fiquei por ali a observá-la fazer o mesmo com alguns irmãos que por lá passavam crendo que iam compra o CD via maquininha.
Pouco tempo depois chega Stênio, super simpático, atencioso, gente de Deus. Pessoal, naquela oportunidade pude conversar um pouco e conhecer de perto alguém que não tem nada de astro, mas é gente simples, humilde, cheia de graça, e que vive literalmente na dependência de Deus. Alguém que de fato não tem pretensão de fama, riqueza, dinheiro, e  sucesso na mídia, como bem frisou ele outrora, “estou satisfeito com a salvação”. Que possamos aprender com tal exemplo. 
Enquanto os astros de “Gezui$” cobram altos ingressos em prol de show’s onde o dito cujo entra pelos fundos e no fim foge pela culatra cumprindo o seu contrato profissional (ou até mesmo com medo do assédio de muitos “gospelmaníacos”), tem gente fazendo a obra de forma séria e abençoando a igreja do Senhor com simplicidade e excelência. Nos dias de hoje, falando-se de música cristã, as diferenças são claras. Quem tem olhos, veja!

OS EVANGÉLICOS SÃO “CONSERVADORES QUE TÊM UMA VISÃO DO MUNDO CONTROLADA POR PASTORES DE TELEVISÃO”!

Por Gutierres Siqueira
O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, disse a frase acima em um fórum social realizado em Porto Alegre. E ainda afirmou que os evangélicos possuem uma “hegemonia” junto à nova classe média e insinuou que os esquerdistas precisam enfrentar essa dominação.
A expressão do ministro é preconceituosa. Em primeiro lugar, os evangélicos nunca podem ser generalizados. Um evangélico neopentecostal supersticioso não é o mesmo que um jovem entusiasta do cristianismo clássico. Ambos são tidos como evangélicos, mas os dois apresentam uma “visão de mundo” totalmente diferente. Em segundo lugar, os evangélicos como “controlados” por pastores de TV mostra outra vez a visão preconceituosa do ministro. Ele está literalmente dizendo que os evangélicos são manipulados.
Manipulados?
Como essas pessoas não conhecem os evangélicos. Eu congrego em uma igreja pentecostal e vejo que o líder da minha igreja tem inúmeras opiniões que são contrárias a minha. Ele é o meu líder, mas nem por isso eu aceito tudo que ouço daquele púlpito. E digo mais: vejo o mesmo com os demais membros da igreja. Ninguém aceita o que houve acriticamente. Nem o que o pastor fala ou qualquer outro que tome o microfone para defender uma ideia.
Eu sou professor de Escola Dominical, ou seja, teoricamente um líder que “manipula” os “crentes idiotas” (no subconsciente do ministro). Ora, ora. Quantas vezes eu já dei aulas onde o debate rolou solto. Alunos que contestaram minhas ideias e outros que simplesmente diziam pensar o contrário. E eu estou falando que congrego e ensino em uma igreja pentecostal.
Sim, há algumas pessoas que são de fato crédulas, ou seja, aceitam qualquer coisa que você fala. Mas é uma “pequena minoria”. Eu, particularmente, alerto sempre na escola que uma postura acrítica deve ser evitada ao máximo.
Outro exemplo é este blog e a blogosfera evangélica como um todo. Quantos dos meus leitores assíduos já escreveram comentários discordando de alguns conceitos defendidos por mim? Vários e alguns com muito entusiasmo [risos].
Quantas vezes eu já vi murmurações quando alguém usa o púlpito para fazer política partidária ou eclesiástica. Povo manipulado? Bom, os preconceituosos podem achar qualquer coisa.
O “espírito protestante” é diverso em si e evita uniformização. Graças a Deus.
Conclusão 
Os evangélicos possuem inúmeros defeitos e a Igreja Evangélica Brasileira está longe de ser uma referência positiva, mas a acusação de manipulação é injusta e preconceituosa. É preocupante que o representante de um partido que esteja no poder veja o Movimento Evangélico como algo “manipulador” que precisa ser combatido pelos militantes. A nossa liberdade religiosa é um bem precioso e nenhuma vigilância será à toa.
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Gutierres Siqueira é editor do blog Teologia Pentecostal. Divulgação: Púlpito Cristão

Stênio Március e a "Consciência Cristã" de uma música contextualizada

Por Antognoni Misael

O encontro da Consciência Cristã realizado em Campina Grande-PB realmente tem sido um dos mais relevantes do Brasil se tratando de defesa da fé cristã e edificação da igreja. Ali, evangélicos das mais diversas denominações, regiões do país se encontram para aprender mais do Senhor Jesus. O evento é abençoador.

Alguns momentos que presenciei na quarta noite do encontro, sábado dia 18, me fez suscitar uma velha querela relacionada a música contextualizada, assim como o Evangelho como um todo sendo não só utilizador da cultura, mas também transformador dela.
Nesta noite especial a inédita presença do cantor Stênio Március abrilhantou o culto. Foi a partir de sua participação que pude conferir algumas impressões tanto a respeito dos estilos musicais no culto, especificamente no costume local, quanto da música contextualizada.
Diferente das participações dos refugos grupos de louvor, cujo repertório líquido sempre se adéqua aos hits do momento ao sabor de previsíveis ministrações, Stênio imprimiu ali sua refinada poesia abalizada em profundas verdades bíblicas. Em cada canção entoada, fez questão de sintetizar rápidas reflexões a fim de passar uma mensagem objetiva para edificação de todos os ouvintes, porém, mesmo assim, tive a confusa impressão de que boa parte daquele variado público estranhou aquela adoração através de uma música virtuosa e contemplativa (ao contrário do que muito se ocorre na música evangélica massificada). Normal. Diante de um público ainda embriagado com chavões do gospel extravagante, realmente um cantador de canções tipicamente regadas a viola, poesia e Bíblia, não soaria tão familiar ao momento atingindo unanimidade.
Mas foi só minha impressão. Isso não quer dizer nada. Resta então a você (leitor) que estava lá, tirar suas próprias conclusões. Entretanto, vale registrar aqui a boa iniciativa do CC em trazer contrapontos da música cristã, a saber, Grupo Logos, Sal da Terra, Atilano Muradas, Nelson Bomilcar, e outros que deram sua contribuição ao longo dos eventos passados. Combinar ótimas palestras, sermões cristocêntricos com uma boa música cristã faz sentido e faz muito bem.
No segundo momento da participação no culto Stênio trouxe a tona o tema da segunda vinda de Cristo e elucidou sobre o muito desuso dessa espera por parte da inchada igreja brasileira, tanto nas músicas quanto nas pregações. Em seguida ajustou o violão, anunciou a música “Na Glória do seu poder”, sacou uma batida bem nordestina em ritmo de xote e louvou entusiasmadamente a canção onde em uma de suas partes dizia: “Qual asa branca nesse dia voarei, singrando os ares ao encontro do meu rei, o povo seu emocionado mil louvores vai render, Jesus virá na glória do poder”.
Pra quem não conhece Campina Grande-PB, a cidade é conhecida nacionalmente como o local do “Melhor São João do Mundo”, e, portanto este detalhe parece-nos dizer algo a respeito da cultura local. Por isso após cantar o seu xote, Stênio Március não escondeu sua frustrada expectativa para com o entusiasmo do público, e advertiu sobre a importância da adoração e evangelismo em contexto com a cultura local: – “precisamos adorar a Deus com nossa cultura, nosso folclore”, disse ele com toda veemência. 
Como um militante de um evangelho integral, cultural, transformador, e um amante da música brasileira, Stênio talvez tenha imaginado que tocar um xote cristão na capital do forró seria como tocar pandeiro em roda de samba. Pelo menos a minha impressão foi a de que ele imaginou que a igreja campinense fosse bem familiarizada com o forró, xote e baião – de pronto, largo minha imparcialidade aqui e digo que é mais fácil um crente paraibano conhecer canções do Hillsong, nem que seja em versão brasileira, do que um Sal da Terra, Carlinhos Veiga, ou Expresso Luz, e nem sempre isso é questão de escolha, mas de acesso, consciência e influência.
Diante dessas problemáticas levantadas, algumas questões trago à tona neste breve texto e deixo pra reflexão de vocês:
– A grande maioria dos grupos musicais das cidades (inclusive de Campina Grande) monta sua arte cristã baseada nos contextos culturais locais (como frisou Stênio Március) ou reproduzem padrões dos sucessos vindos das grandes gravadoras do gospel?
– A intenção de se fazer música a partir das culturas regionais é coerente para com a realidade do século XXI, visto que a globalização burla as fronteiras regionais e esfarelam as identidades culturais?
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Deixo estas indagações em aberto e aguardo comentários, mas volto num outro momento pra debater junto com vocês.