Série: Observador Walter McAlister (2)

M.Z: Existe diferença entre louvor e entretenimento Cristão?


W.M.: Muita. Louvor não é algo que se ouve, é algo que se faz. Há muitas músicas hoje que são simplesmente impossíveis de cantar. São um show de música. Já estive em cultos em que a música da plataforma era maravilhosa, incrível, fora de série, ensaiada, com um arranjo lindo. Mas eu olhava para o povo e ninguém estava cantando. Ninguém conseguia cantar, porque não havia ensaiado as viradas e certas modulações da música. Ou seja, embora o show  fosse lindo, não promoveu louvor e, portanto, não era louvor. Louvor não é algo que se assiste, é algo que se faz. As pessoas não devem ir à igreja para assistir a um culto, mas sim para prestar um culto.

A Igreja coletivamente presta um culto a Deus, mas, hoje em dia, em sua grande maioria, as pessoas vão à igreja para receber ou assistir. Vão embora ao final dizendo “hoje o louvor foi bom”; não porque “eu louvei bem”, mas porque “cantaram músicas das quais gostei, que me fizeram bem. Me emocionei, estou todo suado, todo feliz”. Julgam a qualidade do louvor pela sua percepção, pela sua experiência, pela sua emoção, pelo alento que esse “louvor” proporcionou a elas; quando, de fato, o louvor é um serviço a Deus. Ninguém vai para o trabalho e diz, no final do dia, “hoje eu construí um muro que me emocionou”. Não, ele foi lá para trabalhar e não construiu o muro para o seu prazer, mas para a pessoa que o contratou.

Nós fomos salvos para servir a Deus, para louvar a Deus. Então, quando vamos à igreja é para prestar culto a Deus. O que não entendo é que as pessoas chegam atrasadas ao culto e dizem “ainda estão cantando, ainda não chegou a hora da mensagem, então posso chegar um pouco mais tarde”. Ou seja: percebem aquilo como um interlúdio musical para que os retardatários não se constranjam ao entrar durante a mensagem. Moral da história: as pessoas chamam de louvor o que não é louvor: é entretenimento cristão. E o que deveria ser louvor elas tratam como um espetáculo descartável.

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Pergunta de Maurício Zágari extraída do Livro “O fim de uma era”, respondida pelo autor Walter McAlister. Adquira o livro através do link do autor.

Série: Observador Walter McAlister (1)

M.Z.: Fomos chamados para ser sal e luz. Jesus é muito claro quando diz que se não formos sal e luz o melhor é que sejamos lançados fora. O senhor acredita que hoje a Igreja é sal e luz?

W.M.: Não. No Brasil não. A Igreja hoje é uma ofensa, um escândalo. Pastores evangélicos não podem financiar um carro no Brasil, pois são maus pagadores. Nós somos uma distorção da Igreja. A imagem pública da Igreja no Brasil não é a de um povo reprimido e pudico: é a de um povo abusivo, arrogante, imoral, antiético, indisciplinado e sem escrúpulos. A imagem de líderes é a de aproveitadores; é um escárnio. A imagem pública da Igreja no Brasil é um escândalo para o Reino de Deus e para o nome de Jesus. 

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Pergunta de Maurício Zágari extraída do Livro “O fim de uma era”, respondida pelo autor Walter McAlister. Adquira o livro através do link do autor.

Tradição na Igreja – Por Walter McAlister

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Do blog do Bispo Walter McAlister.