Embriagados da fé: eles só querem bênçãos, festa e mais bebida

Por Antognoni Misael
Século XXI. Teleguiados de unções no ciberespaço. Profecias bombásticas em canais de televisão. Jesus está voltando! “Ops! Tenha Calma. Estou comprando um Apartamento na zona da benção, estou financiando meu Kia Cerato, além disso, meu investimento no ministério do Pastor Moris Cerullo ainda deve gerar um lucro de 500% – acha que Cristo virá antes de cumprir seu propó$ito em minha vida?”
De uns tempos pra cá uma chuva de “álcool herético” tem embriagado muita gente. Pessoas tem bebido de um tipo de absinto composto de uma mistifório de teologia da prosperidade, “pietismo moderno”, neopentecostalismo e extravagância anti-lucidez. A bebida é forte! Embriaga, derruba, leva a lama! Faz com que o cara perca as estribeiras.
Não há mais centralidade, direção, certezas, conceitos, doutrina. Mas há um estado de busca incessante por um reino construído por tijolos farisaicos. Um reino onde se busca “o aqui e o agora”, onde os milagres devem acontecer segundo a intensidade de adoração, onde as riquezas valem mais do que a livrança do inferno, onde o conceito de graça tem sido adulterado por uma tal de “confissão positiva”, onde a adoração retrocedeu ao lugar geográfico, onde a centralidade de Cristo anda dividida entre os supostos “Homens de Deus” (redutos de poder), onde os templos gigantes, recalcados por luxo significam a aprovação divina por tal ministério, onde a Verdade tem se diluído em numa bebida contaminada por mentiras de promessas e milagres.
Os embriagados odeiam a leitura bíblica. Preferem pular e cantar, decretar vitórias; ouvir testemunhos e contar as experiências pessoais que tiveram (com Deus??). Os de sintomas mais agudos ainda insistem em proclamar que “o Brasil será (é) do Senhor Jesus” e vivem num êxtase gospel causado pela felicidade de seus ídolos estarem diariamente na Globo cantando louvores a Jesus: – “Estamos crescendo numericamente! Estamos ganhando os meios de comunicação para o Senhor Jesus! Aleluia, Deus é Fiel!”
Seus repertórios estão sempre atualizados, de “Restitui a Ressucita-me”, cantam sem saber o que estão dizendo, relativizam a verdade, além de terem um ecletismo assombroso quando conseguem ouvir os Sermões divergentes (Hernandes Dias Lopez versus Valdemiro, por exemplo) e ver naturalidade em seus pensamentos na desculpa de que ambos falam de Deus. A bebida fecha as pálpebras para a Verdade. Isso é grave!
Os embriagados querem mais absinto. Querem materializar o próprio Deus. Eles querem ter experiências profundas, mas esquecem da simplicidade devocional, super-enfatizam os dons, as curas, mas titubeiam na compaixão, piedade, e amor ao próximo. Querem ver a Deus e esquecem de ser imagem Dele; querem abraçá-Lo, beijá-Lo…Querem ser carregados no colo, querem sentir as mãos de Deus, querem chamá-lo de paizinho e acaricia-Lhe o rosto dizendo: Jesus como tu és lindo! Querem extravasar em suas adorações! Querem se desesperar por Ele, querem perder o sono por Ele! (Obs: tais expressões de anseio foram retiradas de várias canções atuais)
Os embriagados detestam a defesa da fé. Acham uma perca de tempo conhecer os atributos e Deus e seus desígnios. Atropelam as recomendações no uso de dons (profecias e línguas), ignoram a reprovação do amor as riquezas, da idolatria, a admoestação da ordem no culto, da adoração como estilo de vida e insistem em continuar bebendo, bebendo…
Se você anda ingerindo tal absinto, ou algum dia o fez, tem a orpotunidade de sair desse estado de dependência. Conheça a Graça de Deus! Liberte-se de julgo da mentira! Liberte-se dos falsos pastores, da falsa doutrina. Seja um sóbrio na fé e na adoração!
Beba da Água da Vida! Jesus!!


***
Não sou contra o uso moderado de bebida. Até degusto um bom de vinho, mas tenho medo desse absinto gospel.

Aos vendilhões da Fé: Macedo, Valdemiro, Malafaia, Profeta das Nações, R.R….

Se eu fosse esses cabras do pózim de ouro, acho que cuspia no chão e saia nadando…
***
Vi no
Púlpito Cristão

João Alexandre fala da provisão de Deus em sua trajetória de vida

Por Antognoni Misael
Não há dúvidas de que João Alexandre é um dos músicos autodidatas mais relevantes do nosso país. Conhecido atualmente por sua postura radical perante o mercado evangélico e a música cristã, às vezes até mal compreendido por uma parte do grupo evangélico, João é e ainda será motivo de muitas das minhas observações.
Quem o imagina como um cara desaforado desconhece a pessoa humilde, atenciosa e comprometida que João representa. Como ele mesmo menciona em sua canção: “Quem diz a verdade nem sempre vive cercado de amigos”, e isso certamente corresponde a um dos maiores desafios no mundo em que vivemos: o amor pela verdade, honestidade.
Assista no trecho abaixo, um pedaço de seu depoimento sobre o valor das amizades e a provisão de Deus em sua trajetória de vida que muito falou ao meu coração. Assista e seja também edificado.

Quando a música ensina a vida

Por Antognoni Misael
Segundo Aurélio, música “é a arte e ciência de combinar sons de maneira agradável aos ouvidos”; no entanto, penso que seria mais lógico dizer que ela é a arte de combinar sons e silêncio, já que o ser “agradável” a alguém pode variar de pessoa para pessoa. Gostos à parte, o que muitas vezes não sabemos é que além dos discursos, sentimentos e vibrações, a música se parece tanto com nós humanos que a sua linguagem e recursos são freqüentemente usados na vida cotidiana. Pra tirar lições dela, se faz necessário reconhecer não só seus componentes básicos: ritmo, melodia e harmonia, mas outros elementos que são determinantes para uma boa execução, por isso pensei na dinâmica e no fraseado como aspectos importantíssimos para uma peça musical bem tocada.
Vejamos o que cada item pode nos ensinar:
RITMO: é a ordem das batidas, a acentuação dos sons e das pausas de maneira ordenada.
Em nossas vidas o ritmo está presente na forma pessoal de cada um desempenhar seu andar cadencial (cada um tem seu próprio ritmo), como também na velocidade do nosso dia-dia; há pessoas cujo ritmo de vida é bastante acentuado, estressante, e nesse caso, as pausas são bem vindas, pois nelas as forças devem ser renovadas pra que a “música da vida” não pare.
MELODIA: é a sucessão de sons musicais combinados gerando um sentido, ela pode ser agradável para uns e não para outros.
Em nossas vidas, os traços melódicos têm haver como a personalidade de cada um; melodias alegres, tristes, simples, complexas, contagiantes ou tensas, representam pessoas e seus discursos, ou seja, é o “solo musical da vida” que cada uma entoa no seu cotidiano.
HARMONIA: é a combinação de sons simultâneos gerando intervalos e acordes. É o conjunto de notas vibrando ao mesmo tempo num mesmo espaço auditivo.
Em nossas vidas harmonia representa a capacidade de sociabilidade que cada um tem. É conviver em harmonia com o próximo escutando um tom que às vezes não lhe agrada ou estando num grupo de notas distintas da sua, e mesmo assim em meio a tanta dissonância, construir a unidade sonora produzindo uma bela peça musical é sinal de superação e capacidade de lidar com o diferente. Isso é que é viver em harmonia com os outros.
Quando esses três elementos estão bem resolvidos numa música, e cada instrumentista consegue dominá-los satisfatoriamente, chega-se à hora de compreender aspectos importantíssimos relacionados à execução da música (muitas vezes eles passam despercebidos até por músicos habilidosos):
DINÂMICA: é a capacidade e habilidade de lidar com as propriedades do som (altura, timbre, duração e intensidade) durante a execução de uma peça. Muitos músicos iniciantes ou inexperientes às vezes conhecem os ritmos, acordes, solos, mas não têm a mínima noção dos momentos baixos e altos da música. Às vezes isso gera um efeito egocêntrico, principalmente quando o volume de um instrumento está com a dinâmica bastante alta ofuscando o brilho harmonioso do conjunto – isso é muito comum nos bateristas “mão-de-ferro” e nos guitarristas da “santa distorção”. Essas nuanças entre o forte/fraco, alto/baixo são importantíssimas não só para a música, mas para a vida.
Em nossas vidas há momentos de baixarmos nossa voz, há momentos de até silenciarmos; já em instantes oportunos, dizer algo com o tom de voz forte, alto, pode ser super adequado como, por exemplo, reivindicar por saúde e educação, pedir por socorro, comemorar o gol do seu time ou até mesmo repreender alguém de forma sensata.
FRASEADOS: os fraseados são expressões de solo sobre três ou mais notas, podem ser entendidos também por pequenas ornamentações, arranjos, ou solos curtos. Essa linguagem musical deve ser colocada de acordo com o contexto da música: em blues, usa-se frase de blues, em baião, frase de baião, em samba, de samba, e assim deve sempre ocorrer em outros estilos.
Em nossas vidas é preciso ter a sabedoria de usarmos nossas frases da melhor maneira possível. A linguagem é algo que deve ser inteligível e contextualizada; as frases que usamos em casa são construídas sob uma ideia de intimidade, liberdade e até com excesso de sinceridade; quando se fala de ambiente de trabalho, as frases devem ser pautadas de profissionalismo, responsabilidade e alteridade. Falar uma linguagem que ninguém conhece pode deixar a coisa sem nexo algum. O apóstolo Paulo reforça a importância disso ao afirmar que é melhor falar cinco palavras que alguém entenda do que dez mil desconhecidas (I Coríntios 14:19).
Nossa vida é uma canção entoada por nossas atitudes, portanto, aprender com a música é um bom começo pra quem não quer desafinar sua própria história.

***
Dia do músico (22 de novembro) – Parabéns aos músicos!!

(…) um nasce pra sofrer equanto o outro ri

Por Antognoni Misael
A felicidade de quem foi alcançado pela Graça de Deus não fecha a porta e esconde o amor, do contrário, abre além das portas as janelas para o bem do próximo.
Ninguém possui tamanha capacidade de ser bonzinho e por abnegação própria ter alcançado status espiritual de separado, íntegro, correto.
Portanto não acredito no olhar repudiante do “salvo” que ignora e despreza o perdido, por seus contínuos atos errôneos.
Misericórdia.
…hoje revisei algumas verdades. E não quero reafirmá-las colocando Deus contra a parede, mas suscitando em nós a piedade, a graça e amor aos perdidos.  
Pois bem verdade é que (…) na vida a gente tem que entender que um nasce prá sofrer enquanto o outro ri.
Mas quem sofre sempre tem que procurar pelo menos vir achar Razão para viver.
Ver na vida algum motivo prá sonhar. Ter um sonho todo azul. Azul da cor do mar.

Ratinho se revolta com o "milagre" da toalha da Igreja Mundial

Por Douglas Santos
Que as barbaridades neo-pentecostais incomodam não só a nós reformados, eu já sabia há muito tempo. As coisas estão tão complicadas e absurdas que, usando um discurso simples e objetivo, o apresentador de televisão Carlos Massa (vulgo “Ratinho”) usou uma pequena parte de seu programa, há alguns dias, para comentar sobre um vídeo que ficou famoso no meio “gospel”: O caso do fiel da IMPD e o fim de todas as suas dívidas (veja aqui).
É isso mesmo Sr. Ratinho, você não disse nada além da verdade.
Aproveitando os comentários, faço aqui um desabafo.
Estou cansado de ver tantos lobos que, utilizando suas técnicas quase infalíveis de lavagem cerebral, enganam tantas pessoas.
Estou cansado de saber que muita gente olha para esses tipos de seitas e acreditam que elas, pelo fato dos inúmeros “sinais e maravilhas” que, supostamente acontecem, são a verdadeira forma da Igreja de Cristo.
Estou cansado de ouvir o discurso barato desses homens. Quanta heresia, quanto pragmatismo.
Estou cansado de sentir vergonha toda vez que não crentes chegam a mim e perguntam se a Igreja pela qual sou membro é igual as empresas neo-pentecostais que, em seus programas de TV, fazem campanhas e mais campanhas no interesse de arrebanhar o dinheiro de seus participantes.
Ratinho, você não é o único inconformado com toda essa situação.
O que diria Jesus? Talvez:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” – Mt 7.21-23
Estou cada vez mais convencido que a Igreja brasileira (pra não dizer Sul-americana) precisa urgentemente de um avivamento genuíno, puro, o verdadeiro, pela graça de Deus.
***
Do blog Opinião Reformada, vai Bereianos. Divulgação: Púlpito Cristão

Confira nossa entrevista ao blog "UMP da Quarta"

Esta semana tive a oportunidade de conceder uma entrevista ao blog “UMP da Quarta“, trata-se de um espaço organizado pelos jovens da IV Igreja Presbiteriana de Campina Grande. Confira a entrevista na íntegra:

01- Em algumas cidades do interior a propagação do evangelho encontra imensas dificuldades, principalmente em decorrência da influência de padres e demais lideres católicos. Como é a realidade atual das igrejas reformadas em Guarabira, principalmente da Igreja Presbiteriana, da qual você faz parte?
Um fato curioso em relação aos evangélicos na cidade de Guarabira ocorreu quando a Primeira Igreja Congregacional foi apedrejada por fanáticos do então Frei Damião em 1937. Tirando esse episódio tenso entre protestantes locais e católicos, não acredito que as maiores dificuldades encontradas quanto a pregação do evangelho aqui esteja relacionada a influência de algum tipo de liderança católica. Ao que me parece, as maiores dificuldades encontraram-se dentro do próprio grupo evangélico local, isso devido à antiga bipolarização (entre as duas maiores igrejas que não se entendiam) e a atual multipolarização (capitaneada pelos neopentecostais e suas variações).
Quanto às igrejas de visão reformada temos além da igreja Presbiteriana, duas igrejas Congregacionais – outras sustentam ainda o nome de alguma denominação tradicional, mas não há como afirmar que são reformadas.
A igreja Presbiteriana de Guarabira particularmente tem buscado fazer diferença nesta cidade cujo evangelho pregado por muitos anos foi o evangelho de condenação em detrimento das boas novas. Graças a Deus temos um pastor presente, que sabe equilibrar bem a teologia, arte e música nos dando suporte para uma vida cristã madura e sem extremismos. Nosso lema “A Igreja que valoriza a pessoa glorificando a Deus”, almeja constantemente que nossa igreja seja reconhecida não como a igreja de grandes obras e milagres, mas como uma igreja que ama, valoriza e cuida dos seus membros.
Vale registrar o fato de que recentemente Guarabira foi bombardeada por novas igrejas independentes. A cada esquina tem alguém reproduzindo o discurso da cura e benção material, o que acaba promovendo um grande contraste entre o discurso reformado e as demais denominações. Nossa responsabilidade aumenta no sentido de que precisamos pregar o evangelho, ratificar a graça de Deus e ao mesmo tempo combater as vãs doutrinas que cercam e sugam muitos fracos na fé. De uma forma resumida, nossa realidade é de tempos difíceis e desafiadores na defesa da fé e proclamação da Verdade.


02 – Em seu blog A Arte de Chocar, continuamente vemos a coerência das publicações com o título do projeto. Por que este enfoque na questão do chocar, da polêmica? E principalmente, os que se chocam, escandalizam-se com o conteúdo dos textos ou com a própria palavra de Deus?
A ideia do blog surgiu por perceber que algumas pessoas só atentavam para um determinado assunto inerente a igreja, vida cristã, de uma forma geral, quando se sentiam surpreendidas por algum comentário ou colocação. De fato pareceu ter algum sentido. Isto porque numa cultura tão hedonista, muitos cristãos não possuem opinião formada sobre assuntos diversos; parece que o “Cogito, ergo sum” (Descartes) não anda fazendo jus ao significado de protestante. Então, partindo dessa sensação, a primeira coisa a fazer foi fisgar o leitor mediante o impacto visual, textual ou conceitual. É o venho tentando (se bem que ultimamente acho que não venho chocando ninguém (rs)).
Penso seriamente que existe uma diferença entre escândalo e “analfabetismo” teológico. Se somos protestantes e em nada temos para protestar ou denunciar, torna-se estranho não? Os evangélicos no Brasil têm doutrinas distintas, diferenciados usos e costumes, o que por natureza gera um tipo de auto-estranhamento. Há um choque em alguns pentecostais tradicionais quando dizemos crer na doutrina da eleição? Ou quando batizamos crianças? Acredito que em parte sim. Isso seria escândalo?
Existe uma diferença entre o que seria escândalo por caráter cultural e verdade bíblica, assim como ninguém deve estar fadado a morrer como criança espiritual. Para este segundo caso, a palavra “escândalo” está inapropriada.
Sei das implicações do “Arte de Chocar”, mas tenho pedido perseverança e sabedoria para saber chocar na medida correta, se é que existe tal porção. (risos)


03 – Provavelmente, por causa de sua formação, notamos um destaque muito grande no aspecto musical, muitas vezes com uma abordagem crítica do cenário nacional da música evangélica. Quais os principais desafios de um músico cristão desejoso em fazer uma boa arte com conteúdo e que se depara com a realidade do mercado “gospel”?
Temos uma história de nossa música cristã brasileira assim como também temos uma história de músicos cristãos brasileiros. Acho um tanto quanto desrespeitoso alguém querer fazer música cristã sem ter o mínimo desejo de conhece sobre ela, ou seja, conhecer a gente que desbravou nossa música superou o monopólio dos cânticos europeus, e que deu um toque de brasilidade e poesia em nossa canção. Aqui me valho de gente como Jayrinho, Sérgio Pimenta, Janires, Bomilcar, João Alexandre, Logos, Jorge Camargo, dentre muitos.
Quanto aos desafios para um músico cristão, elenco o desfio da arte: “Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo” (sl 33.3). Acredito que a música cristã tem sido uma arte mais rendida a fórmula do que a criatividade e verdade de quem a produz. Acho também que o músico cristão precisa não se enveredar por esse caminho; precisa buscar nas referências desses precursores exemplos e experiências que vão além da noção de $uce$$o.
O músico precisa tratar as músicas cristãs não pela popularidade, mas pela excelência bíblica, estética e sonora. Desafio também é acreditar que músicos são apenas canais de Deus. Não são “super-ministros”, Levitas, ou redutos de unção. Precisam aprender a serem servos em outras áreas além da música, precisam ser peritos não só nas notas musicas, mas na leitura da palavra, no diálogo e participação com a sociedade, etc. O desafio envolve, da mesma forma, o fazer música no sentido de adoração buscando dar a melhor letra, o melhor arranjo, na busca de um novo cântico. Desafio é principalmente não se render aos fetiches do mercado – creio que para a igreja ser edificada através da música não é preciso tocar sempre o “sucesso do momento”; uma canção que contém verdades bíblicas jamais soará vazia, portanto tiremos essa responsabilidade de querer embriagar a igreja em sua totalidade com mantras que são apenas “mais do mesmo”, mas, do contrário, cantemos a verdade, o amor, a arte, sob os requisitos da excelência, sabendo que Deus sempre nos fará um canal.


04 – Muitos têm notado um processo de crescimento nos hemisfério sul, das antigas doutrinas da graça, conhecidas também por Calvinismo. Neste processo os jovens tem se destacado. O estágio atual das ferramentas da internet, como as redes sociais tem relação direta com isto? E quais a importância e os desafios dos blogueiros reformados diante deste processo?
Com certeza. Essa nova interface de comunicação nos proporciona contatos e influências que no mundo do real vivido durariam décadas. Hoje um simples blog de apologética, música ou arte cristã não vive estanque, isolado, mas chega rapidamente nas redes de twitter, facebook, orkut, myspace, etc., levando ideias, pensamentos e acima de tudo a Palavra de Deus – é o que fazemos comumente no nosso dia-dia, não é?
Um dos maiores desafios para os blogueiros é perserverar, nunca desacreditar no trabalho. Há quem subestime esse oficio, ou quem o minimize sua eficácia, mas não há dúvidas de que o blog é uma ferramenta que transforma que influencia, e edifica pessoas. Poderíamos citar vários casos… Eu sou um exemplo vivo!


05 – Gostaria que você nos falasse um pouco das dificuldades que você enfrentou na área acadêmica ao cursar um curso como o de história, e também que deixasse uma mensagem para os leitores deste blog que passam pelos mesmos desafios diariamente.
Entrei no curso de História no ano de 2001 e confesso que foi muito difícil neste início lidar com as ciências humanas em geral. Enquanto Santo Agostinho afirmava que o conhecimento nos aproximava de Deus eu percebia que aquilo tudo que eu lia, discutia em nada convergia com a Verdade defendida pela minha igreja. Levava anotações e dúvidas para o templo, mas as respostas não convenciam, a ponto que as ciências humanas acabavam por mais atraentes e presentes na minha política e social do que os estudos bíblicos sobre o tabernáculo ou escatologia. Sentia que na universidade havia o prazer pelo pensar, enquanto na igreja havia o prazer pelo reproduzir os conceitos prontos, fechados e nunca postos à mudanças (a saber uma Teologia engessada e muita tradição humana). Foi uma época de crise e desencontros.
Atualmente, trabalho com a área de História Cultural, e tem sido uma ótima experiência. Hoje, menos imaturo que a dez anos atrás, percebi que posso tirar proveito de muitos conceitos de filósofos, historiadores, sociólogos, etc. Contudo para que se tenha um curso prazeroso e saudável espiritualmente, é necessário fazer ajustes e pontes com as Verdades de Deus: quando Hegel entendia que sua dialética se movia por uma força idealista, o espírito, eu posso atribuir nitidamente isso ao que a Bíblia confirma sobre “Ele” como Senhor da história; as “relações de poder” de Foucault, as “representações” de Roger Chartier, por exemplo, são conceitos admissíveis até mesmo numa interpretação bíblica da humanidade. É isso que tenho feito, sem relativizar, claro, a Verdade.
Sugiro urgentemente aos que cursam algum curso das ciências humanas que leiam literaturas cristãs relacionadas a sua área. É de suma importância a defesa da fé de uma forma racional, lógica e inteligente – ser cristão é estar a frente do óbvio, é ver além das coisas. É isso que tenho tentado fazer e acredito piamente que é isso que Deus deseja: que sejamos agentes de transformação em todas as áreas da vida, e com certeza na área acadêmica.
Um abraço, e muito obrigado pela entrevista.
***
Conheça o blog ump-da-quarta.blogspot.com e siga seu editor Rodrigo Ribeiro, @rodrigolgd.

Caroline Celico se defende de críticas após ter abandonado Igreja

Criticada após explicar os motivos que a levaram a se afastar da Igreja evangélica, Caroline Celico resolveu usar o seu Twitter neste sábado (5) para se defender.

“Tem muitos religiosos me criticando pelo meu relato individual de escolha e experiência própria. Religiosos que falam contra a religiosidade , mas que não são nada diferentes dos proprios religiosos e fariseus que Jesus veio desagradar. Mesmo vocês sendo minoria, vou colocar minha opinião com respeito a vocês. Deveriam ficar mais preocupados com o ‘rebanho’ de vocês, do que com os que não vão acabar frequentando a Igreja de vocês. Deus cuida de cada um, e não vai me cobrar pela livre e espontâne escolha de cada um. Cada um que está de pé cuide para que não caia”, comentou a mulher de Kaká.

“Cuidado com a intenção do seu coração, a raiz dos seus sentimentos, pois Deus é que olha e conhece cada um deles, não se vou em uma ‘Igreja’, e sim se sou a Igreja. Estou feliz pois minha Igreja é mais que meu lar, é onde estão dois ou mais reunidos em nome Dele, e isso acontece muitas e muitas vezes por dia em minha vida”, completou Caroline.
Entenda a polêmica
A frase que desagradou aos seus seguidores mais religiosos foi proferida durante uma entrevista recente para um programa de televisão em que a cantora explicou porque não tem mais frequentado a Renascer em Cristo.
Não sinto mais vontade de ir à igreja, não gosto de rótulos. Hoje, sou seguidora de Cristo. O tempo que passamos lá na igreja foi bom, não me arrependo. Aprendi o que devo ou não fazer”, disse a mulher de Kaká na ocasião.
***

Vi no http://impactodagraca.blogspot.com/2011/11/caroline-celico-se-defende-de-criticas.html 

A invenção do gospel no Brasil

Por Antognoni Misael

A década de 90 foi sem dúvida a década do crescimento para os evangélicos no Brasil. Crescia uma igreja de face, até então, desconhecida, mas que participava de uma dinâmica fragmentadora inerente do fenômeno da globalização e que assistira o recente triunfo do capitalismo sobre o socialismo. A indefinição evangélica decorria da chegada de vários segmentos religiosos embarcados na chamada Teologia da Prosperidade, dentre eles os grupos neopentecostais e subdivisões dos pentecostais. Apesar disso, o aumento numérico foi estrondoso: de 1991 a 2000, o crescimento dos evangélicos chegou a superar em quatro vezes o crescimento da população do país (estes cresceram em 7,43% enquanto a população 1,63%).
Essa época viu esse segmento tomar espaços de mídia, fazer aquisições de redes TV, rádios, gravadoras, passando a ocupar um lugar de influência direta na vida social, cultural e econômica dos fiéis. Foi nesta mesma década que grandes gravadoras evangélicas se organizaram e passaram a abastecer e reger um mercado de música gospel, entretanto a própria marca “Gospel” teve sua patente comprada e registrada por um dos grupos neopentecostais (Igreja Renascer), portando assim uma representação imponente e promissora nessa indústria recém-formulada e que ainda hoje se mantém numa crescente espantosa. O impacto dessa indústria cultural evangélica no decênio citado funcionou satisfatóriamente sob o epíteto do gospel que cuidou de imediatamente se aparelhar como uma organização econômica de produtos diversificados: artistas, Bíblias, grifes, livros, etc.  
Contrariando qualquer análise denominacional ou fundamentalista, o que discuto aqui é a importação do termo “gospel” para a música brasileira vide música gospel percebendo que enquanto produto cultural, ela pôde ser (re)inventada em outro tempo e espaço dentro de um mercado altamente lucrativo.
Para devido esclarecimento, chamo de “representações” os símbolos que são construídos historicamente e socialmente dentro da sociedade; sendo assim resta-nos resolver esse impasse quanto a significação do gospel no Brasil: sua representação tem a ver com a música spiritual negro, blues, jazz, underground? Certamente não. Veremos.
O termo “invenção” remete a descontinuidades, ao heterogêneo, ele está articulado muitas vezes numa estratégia, num projeto de grupo, e isso se evidencia logicamente quando percebemos uma chegada tardia do gospel na música brasileira sob a estranha composição sonora quanto aos padrões musicais e estéticos inerentes ao Gospel norte-americano.  Aliás, aqui já respondo o que indago no parágrafo passado: – O gospel no Brasil tem a ver com spiritual negro, blues, underground? – Não! Primeiro porque não tem absolutamente indícios de elementos musicais negro, segundo porque não porta um passado histórico radicado no sentido cultural da música; afinal nossos negros tinham igrejas protestantes? Faziam algum lundu ou maxixe evangélico?
A música gospel fez parte de um processo histórico e cultural no século XIX nos Estados Unidos através do “Grande Despertar”, um acontecimento que mesclou negros e brancos pobres fazendo com que estes pela primeira vez se unissem sob pano protestante, frenético e igualitário. Interessante notar que este acontecimento ocorrido não foi uma imposição vinda de cima, mas uma conversão em massa vinda de baixo elevando a música religiosa para um status de música do povo. Eric Hobsbawm (historiador) em sua obra História Social do Jazz (relançado em 1989) denota a religião protestante nos EUA como um reduto conservador do gospel, cuja preservação das características rudimentares dessa música recheada de traços de negritude se deu efetivamente: as canções de trabalho, o blues, o coral, etc., dando uma estética própria na então música gospel. Essa formatação se deveu principalmente ao fenômeno de urbanização onde as igrejas forneciam um pólo comunitário isolado importante para o “fazer” musical.
O gospel norte-americano tornou-se comercial? Sim, óbvio. Mas este processo cultural possibilita, entre 1930 e 1950, o gospel expandir-se pelo mundo além de explorar os truques, fórmulas, repetições rítmicas e padrões de canto e resposta. O gospel vide EUA passa a ser um produto elementar, no aspecto folclórico que tinha, porém apropriado, por uma indústria que o sofistica, o ressignifica como produto lúdico co-participante de uma época de forte venda de entretenimento. Mas, veja que isso não significou a anulação dos elementos de identidade desse estilo. Permaneceram, mesmo que moldados a uma fórmula. Particularmente, quando ouço Take 6, ou Mahalia Jackson, por exemplo, grosso modo sei identificar os elementos estéticos do gospel ali.
Por outro lado a música religiosa no Brasil contém processos históricos dissonantes com os ocorridos no norte da América. Do cantochão trazido pelos jesuítas aos hinos europeizados vindos nas bagagens do protestantismo, perpassado mais através de fontes orais do que documentais, a música religiosa aqui passa a adotar tardiamente o epíteto gospel (em meados dos anos 1990) – Por que isso ocorreu tardiamente? Por que não se chamava de gospel as produções religiosas dos anos 70/80, por exemplo? De certo esse gospel não significa do mesmo modo um blues ou um jazz brasileiro em seus componentes sonoros, mas sem dúvida, a invenção de uma marca de conotação comercial enquanto integrante de uma recém-indústria de música religiosa.
Temos uma música gospel? Sim temos. Mas vale salientar que ela é uma invenção; ela não participa dos nossos processos históricos. Ela existe por que surge dentro de um momento propício, ela surge dentro de uma estratégia, tendo nós como legitimadores.
Ser gospel no Brasil, lembre-se, não tem nada a ver com o som spiritual da Black music, underground, blues. Gospel aqui atualmente está mais pra Globo, Som Livre.

Marcos Almeida: "reinventando o Brasil na música"

Por Marcos Almeida
Toda criação neste nosso horizonte temporal, aqui, neste chão empoeirado onde  nós pisamos, é feita a partir de algo já pronto, portanto; criar é tecer com os fios coloridos da dádiva!  É organizar materiais, descortinando pré-conceitos, abandonando estes conceitos ultrapassados a medida que estamos mais certos da liberdade. É  ver o antigo atravessando gerações ao ser atualizado por aqueles sujeitos que não desprezam suas raízes mas também não se ocultam diante do novo. Toda novidade, meu leitor, é invenção e essa tal invenção é isso mesmo que acabei de falar.
 “O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos” , determinou com coragem o antropólogo e conselheiro nacional Darcy Ribeiro. Disse isso com dedo em riste, prenunciando um tempo onde nós teríamos a ousadia de imaginar! E o que estamos tecendo com esses inúmeros fios? Com essas brasilidades  a nós apresentadas e aglutinadas nessa sopa cultual que é o Brasil? Muita forma ainda precisa de debate e é por isso que abri esse espaço para palpiteiros de plantão, estudiosos, artistas, professores, intelectuais, religiosos, ateus e desocupados que possam contestar toda essa invenção, como também compartilhar seus caminhos e ideias.
 Sim! Daqui, deste lugarzinho bem simples onde habito, casado com Débora, amando sua companhia e seu frango com quiabo, correndo de vez em quando na Praia da Costa, rabiscando composições, rodando o Brasil com uma banda de rock, pregando o Evangelho  lá no Templo, fazendo tudo isso em português, em solo brasileiro, como cidadão brasileiro, daqui consigo inventar um país diferente daquele que me deram.
 Não! Não se precipite em chamar isso de atrevimento descabido. Entro nessa aventura logo depois de rejeitar aquele dualismo hipócrita que dividia o mundo em gospel e secular. Como se isso fosse o mesmo que santo e profano![Pensou que eram sinônimos (?), esquece]Entro nessa depois que gravadoras viciadas naquelas enferrujadas estruturas de mercado me pedirem para ser mais secular (cortando expressões como ‘Tú és’, ‘Deus’ e ‘Senhor’ desse nosso rock brasileiro ‘?’), queriam me inculcar uma auto-censura típica de militares golpistas. Embarco nessa viagem depois de ver que a guerra do movimento gospel já está ganha, apesar de tanto fogo amigo ele conseguiu vencer  seus desafios internos e se mostrou vitorioso principalmente no campo da mídia. Uma guerra que durou pelo menos duas gerações. Hoje, por diversos fatores objetivos apresentados no processo civilizatório brasileiro, na formação   do nosso povo, no amadurecer das nossas explicações para a vida (religião e filosofia), a nossa polivalente geração nasce num outro mundo. Menos distantes, esses espaços antes tão determinados e tão bem repartidos estão mesmo é se misturando. É por isso que consigo imaginar um Brasil onde artistas cristãos recebam sua cidadania artística por causa da sua arte e não por causa da força de um mercado. Onde os parâmetros para classificar sua música sejam musicais ao invés de confessionais –  pois é verdade meu paciente leitor, somente aqui a confissão afro é chamada de brasileira (a famosa Umbanda Music que ampara 90% das letras da MPB contemporânea) mas  a confissão cristã (dos 90% de brasileiros, aquela inacreditável maioria católica e evangélica) é chamada de religiosa – MRB Música Religiosa Brasileira! Encaro esses obstáculos assumindo o conselho do grande Darcy Ribeiro, certo de que um Brasil mais justo na esfera social, mais transparente na sua administração pública, mais próspero economicamente, também deve ser mais cordial e generoso com qualquer um dos filhos, e com qualquer um dos artefatos produzidos por seus filhos, não interessando aqui a sua condição financeira, sua raça, sua  cor ou religião!
 Sim! É claro que isso não acontecerá através de um decreto constitucional, mas somente quando outros brasileiros sonharem em inventar esse Brasil que acabei de falar. Um sonho só de todos nós.
Hoje em Vila Velha.
Vi no http://nossabrasilidade.com.br/