"Música cristã tem mais a ver com ministério do que com mercado" – Confira nossa entrevista com Alma e Lua

1) ARTEDECHOCAR: Primeiramente queria que se apresentassem falando um pouco do encontro com Deus na vida de vocês, e o que fazem (além da música) no cotidiano de uma forma geral.


ALMA E LUA: Com certeza, Deus tinha algo preparado pra nós há muito tempo; nos conhecemos em 1976 e vivemos, por dois anos, uma amizade intensa que se transformou em namoro, noivado e casamento. Namoramos e noivamos onze anos e estamos casados há vinte e dois. É verdade que Deus dava sinais de sua presença em nossas vidas desde muito cedo, mas foi em 1987 que se revelou a nós, na época em que estávamos muito envolvidos com o início da carreira musical. Diante das enormes dificuldades, que são comuns a todos que sonham com a profissão artística, nos voltamos para as questões religiosas na esperança de obter aquela ajudazinha sobrenatural, como geralmente acontece com a maioria das pessoas; começamos a estudar a Bíblia e fomos surpreendidos pela Irresistível Graça de Deus, e enquanto progredíamos na carreira, Deus nos fazia progredir também em seus propósitos. Em 1991 nos convertemos e passamos a congregar em uma pequena comunidade neopentecostal de nossa cidade;  iniciou-se o processo de ruptura com os antigos projetos até que, em dezembro de 1995, o ministério absorveu a nossa carreira. No início de 1996 passamos a frequentar a Primeira Igreja Presbiteriana de Casa Branca, da qual somos membros, e com o apoio do pastor Sérgio Paulo Martins Nascimento desenvolvemos o ministério.  
Há quase nove anos eu, Paulinho, trabalho em Campinas, na LPC Comunicações – uma produtora que tem parceria com a Igreja Presbiteriana do Brasil e o Back to God Ministries International, o departamento de mídia da Igreja Cristã Reformada da América do Norte; a Rah cuida das nossas questões pessoais e da parte financeira do ministério, já que fica em Casa Branca durante a semana enquanto eu estou em Campinas. 

2) ARTEDECHOCAR: Com uma relevante caminhada musical, que lições podemos aprender com vocês no que tange a carreira secular e vida ministerial? 

ALMA E LUA: Carreira musical é show business, porque as grandes companhias, as principais emissoras de rádio e televisão e os agentes controlam o mercado, e de arte mesmo sobra muito pouco; o artista, quando tem a simpatia desse sistema, se vê obrigado a cantar o que eles querem, do jeito que eles querem e pelo tempo que eles querem; quando não seguem as regras, sofrem retaliação. Quase tudo é uma grande mentira, e as coisas normalmente acontecem por troca de favores ou propinas – o tal do jabaculê. Somente alguns artistas, geralmente as estrelas da MPB, conseguem utilizar esses meios com alguma autonomia. No que diz respeito ao ministério, uma das questões mais delicadas é encontrar o ponto certo entre o servir e o sobreviver, principalmente quando ministério e profissão se confundem. É preciso investir muito tempo para compor, estudar a Palavra e manter a forma artística com ensaios, estudos, além das questões estruturais como manutenção de veículo, de instrumentos e demais detalhes. Já tentamos desenvolvê-lo sem tocar no assunto “dinheiro”, mas tivemos sérios problemas financeiros. Devido a esses problemas é que aceitei, em 2003, o convite do Celsino Gama para trabalhar com produção musical na LPC. 

3) ARTEDECHOCAR: O que mudou substancialmente na vossa cosmovisão quanto a dicotomia secular/cristão? 

ALMA & LUA: Entendemos que as referências Bíblicas nos remetem a questões bem mais relevantes  do que aquelas que a mera religiosidade observa; quando a Palavra ordena separação do mundo, está se referindo ao modelo desse sistema, e não a simples hábitos; o propósito de Deus para nós é que andemos na contramão, longe das vantagens que a desonestidade e os negócios ilícitos nos oferecem. A Palavra está nos dizendo: “O modelo do sistema não serve pra vocês!” e: “Joguem fora seus planos, Deus tem novos planos pra vocês agora!” Assim, é mais fácil para a maioria dos que se dizem cristãos, vender a ideia de que fumar é pecado, por exemplo,  do que abandonar uma carreira profissional onde a transparência e a honestidade não podem conviver com os lucros. A regra destes é bastante simples: Se é bom pra mim, é de Deus, é benção; se não me agrada, é do diabo. Não concordamos com essa visão; entendemos que Deus nos submete a uma profunda mudança de carácter, não de hábitos, para que aprendamos a não utilizar as estratégias que o modelo secular sugere. É mudança de estilo de vida.

4) ARTEDECHOCAR: Vocês se consideram cantores gospel?

ALMA & LUA:  Nos consideramos artistas cristãos, e queremos dizer com isso que acreditamos que nosso papel na Obra é através da música, e que nossos interesses precisam sempre ser submetidos ao propósito de Deus.

5) ARTEDECHOCAR: Apesar do grande conhecimento no meio artístico-musical, vocês optaram por um caminho menos glamoroso em busca de cantar canções mais relevantes, rejeitando de certa forma, por assim dizer, o mero mercantilismo dentro do ministério. Como vocês avaliam a atual situação do mercado musical secular e o dito mercado gospel? Semelhanças e/ou diferenças.

ALMA E LUA: Se o assunto é mercado, o objetivo é vender; entendemos que um artista cristão que faz música direcionada à carteira do seu irmão está, no mínimo, equivocado – estão mais para lobos do que para ovelhas. Não vemos problema algum em um cristão ser um profissional da música secular, contanto que consiga ficar imune às tramoias do sistema;  mas música cristã tem mais a ver com ministério do que com mercado. É evidente que o dinheiro é necessário, mas os excessos, os holofotes, a paixão por fama e fortuna tiram as pessoas do foco, é motivação errada; quando se faz música cristã para vender, além de ter que se adequar à indústria cultural (o tal jugo desigual), é necessário agradar o público, e para agradá-lo, é necessário falar o que querem ouvir, não o que precisam ouvir, e Obra de Deus não é entretenimento, é missão. 

Quanto ao mercado secular, há muito tempo não acompanhamos as coisas de dentro,  mas é evidente que tanta manipulação e interesse econômico resultou em banalidade artística extremada. E quem sofre as piores consequências?…

6) ARTEDECHOCAR: Diante de tanta confusão teológica e crescimento denominacional, pode-se falar de uma igreja brasileira? Como analisar e/ou diagnosticar as vantagens e desvantagens desse crescimento numérico dos evangélicos no país?

ALMA E LUA: Para nós, Igreja é Igreja – o Povo de Deus; não nos engajamos em nenhum movimento de nacionalização cristã porque, pelo menos por ora, não compreendemos nenhuma utilidade nisso. Nosso objetivo é contribuir para que haja qualidade cristã na Igreja, vida com poder e relevância. A Mensagem é adequada para todos os escolhidos de Deus, não importando a nacionalidade. 
Vemos esse tal crescimento evangélico como prejudicial, pois não nos parece genuíno – é onda; são pessoas buscando, preferencialmente, bençãos temporais e resistindo às ideias que traduzem compromisso – que como já dissemos, tem a ver com mudança de planos, não de hábitos. O pior de tudo é que parece não ser apenas um problema nacional, e  prejudica a unidade da Igreja, já que há crescente divergência quanto às interpretações teológicas, algumas vezes por falta de preparo, outras, por mero interesse pessoal.  

7) ARTEDECHOCAR: O último trabalho de Alma e Lua, Vanilla Jukebox (2011) nos apresenta a autenticidade de sempre de vocês. Remete-nos a uma textura recheada de violões, vocais, que nos lembra o country, o rural, anos 70, letras intimistas abordando temas relacionados ao coração do homem, natureza, levando-nos a contemplação e reflexão. Queria que nos falasse mais sobre este disco de uma forma geral. Há alguma autocrítica? E claro, onde e como adquirir?

ALMA E LUA: O Vanilla é resultado de um projeto do Celsino Gama, ex-diretor da LPC Comunicações, que viabilizava nossos lançamentos. A ideia foi somar em um só álbum nossas principais canções que estavam espalhadas em três outros – o “Caras Pintadas” de 1997, o “Desperta, América!” de 1999, e o “Sobrenome: Vento” de 2001, facilitando tanto os investimentos na fabricação, quanto os custos na aquisição. Gostamos muito da ideia, pois havia alguns problemas técnicos nos três primeiros cds que nos incomodava: O “Caras Pintadas” estava tecnologicamente ultrapassado, era muito antigo; com o “Desperta, América!” inauguramos um estúdio próprio e o cd serviu de laboratório para encontrarmos a melhor forma de fazer o nosso som com custo reduzido; o “Sobrenome: Vento” foi o álbum que mais nos agradou, porque conseguimos atingir, em nosso próprio estúdio, um bom nível técnico, mas este acabou ficando muito sofisticado, e nos incomodava tocar ao vivo acompanhados somente ao violão – que é como nos apresentamos – e ver as pessoas levando pra casa um cd todo paramentado com bateria, guitarras, órgãos, pianos, percussão…

No Vanilla, eu, Paulinho, fiz tudo sozinho e busquei fazê-lo com  simplicidade para que se aproximasse ao máximo do som que fazemos ao vivo; foi lançado sem a parte gráfica para destacar o conteúdo, mas é provável que ganhe uma capa simples nas próximas edições. 
Contatos, informações e nossos lançamentos estão disponíveis no nosso site: http://www.almaelua.com.br

8) ARTEDECHOCAR: Queremos desde já agradecer o contato e dizer que a gentileza e atenção de vocês nos fizeram perceber que estamos em casa. Que Deus possa vos abençoe grandemente.

ALMA E LUA: Mano véio, nós é que agradecemos a oportunidade, pois se não é correto exagerar no marketing de ministérios, também é impossível desenvolvê-los sem nenhuma divulgação. Queremos parabenizá-lo por sua contribuição à Igreja através do ArtedeChocar, pois os artigos que encontramos aqui contribuem muito para o aprimoramento de ideias.

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Muito satisfeito com a entrevista e contato com este casal abençoado. Paulinho você é uma figura, gente de Deus. Abração mano!

Arte de Chocar entrevista Baixo e Voz

Atendendo prontamente a nossa solicitação de entrevista, o querido casal do “Baixo e Voz” nos concedeu uma das melhores entrevistas do nosso Blog. Vale a pena ler e pra quem não conhece, indico. Confira abaixo.

A.C.: Queria que nos contasse como se deu esse encontro ‘na vida’ e ‘na música’ entre vocês.
BAIXO E VOZ: Nos conhecemos desde quando éramos crianças, pois nossos pais frequentavam a mesma igreja. A idéia do Baixo e Voz surgiu quando estávamos participando de um projeto musical no qual o objetivo era apoiar uma ONG chamada Conexão Paz, que trabalhava com a recuperação de viciados em drogas. Essa projeto era formada por jovens de várias igrejas da cidade que decidiram doar seu tempo e talento para formar uma banda que tocasse músicas próprias. Uma dessas músicas era Sempre presente, de autoria de Gilberto Bueno, onde por brincadeira, o Sérgio tocou só com acordes no baixo e me perguntou se dava pra cantar. E deu!
A.C.: Quais são as principais influências na música e vida cristã de vocês?
BAIXO E VOZ: Nossa base de vida cristã, além da família, foi formada nas aulas da Escola Dominical da Igreja Presbiteriana Central de Ribeirão Preto , onde tivemos a sorte de ter ótimos professores(Carmem/ Regina e Gilberto Bueno) que nos incentivaram a pensar ” fora da caixa”; depois o contato com a missão Mocidade Para Cristo (Marcelo Gualberto, Ricardo Costa, Lucas Paiva Pina e tantos outros). Atualmente, pessoas como Ariovaldo Ramos e Carlos Queiroz  são importantes referências nessa caminhada. 
Na música, cresci ouvindo basicamente MPB e Vencedores por Cristo (Marivone); o Sérgio, rock (hard rock, progressivo e nacional) e jazz (principalmente bebop e fusion).
A.C.: Podemos afirmar, sem dúvida, que Baixo e Voz faz um dos estilos de música mais diferenciados do meio cristão. Queria que nos falasse das experiências dos seus discos e principalmente do DVD recém gravado. Quais novidades podemos esperar?
BAIXO E VOZ: Sinceramente, nunca temos grandes pretenções ao produzir um novo trabalho; apenas a preocupação em registrar o que nos toca e de uma maneira que seja verdadeira pra nós. Se alguém se identificar com o que resulta disso, ótimo!
A gravação do DVD foi um presente inesperado; uma oportunidade muito interessante que sem dúvida, acrescentou de forma positiva na nossa história musical. Acredito que é um lindo resumo do que foi a nossa caminhada até aqui, em especial pelas participações de Marcelo Bassa Meleiro (Banda Resgate), Stênio Marcius, Duca Tambasco (Oficina G3), Paulinho Nazareth (Crombie) e Edu Martins (que também fez a direção).
A.C.: O ano de 2011 foi bastante corrido pra vocês, visto que participaram de muitos eventos tanto em igrejas quanto em espaços seculares. Considerando aquela ‘velha’ dicotômia entre secular/sagrado queria que falassem de suas visões a respeito de arte cristã, mundo (sistema) e missão cultural. Como estes pontos convergem com a igreja?
BAIXO E VOZ: Arte feita por cristãos, o lugar onde vivemos e missão cultural convergem e dialogam amplamente. Jesus nos ensinou assim: a caminhar com as pessoas e sermos cristãos onde estivermos. Quando nos apresentamos, entendemos que em qualquer lugar as pessoas são importantes para Deus, por isso, não temos medo nem preconceito em tocar fora dos templos evangélicos. Ao mesmo tempo, nos sentimos muito bem compartilhando com a Igreja nossa música. Devemos lidar com a realidade do sagrado em qualquer situação.
A.C.: Ao fazermos uma crítica ao Festival Promessas, você (Sérgio)comentou da dificuldade de se divulgar descentemente o trabalho do Baixo e Voz, assim como de muitos artistas cristãos. Como vocês avaliam esta abertura de mercado da música Gospel?
BAIXO E VOZ: Acho (sérgio) que é cedo para definirmos o resultado da abertura. Como historiador aprendi que precisamos analisar os vários ângulos de um acontecimento para compreendermos, em parte, o que aquilo significou, de fato. 
Também não gosto de guetos artísticos, nem de generalizações. Nosso trabalho e de qualquer outro artista tem que ter a liberdade de gravar o que quiser: rock, jazz, bossa, blues, funk, sem rótulos. Deixo os rótulos para a mídia e para leigos.
Devemos usar o mercado ao nosso favor, sem, é claro, nos corrompermos. E isso é possível. Estamos procurando uma boa distribuição para nosso DVD Baixo e Voz 20 anos, pois entendemos que isso é trabalho para outros profissionais. Nosso papel é selecionar boas músicas, compor, arranjar e gravar com excelência. Mas não acho que devemos nos envolver com todos os processos relacionados à divulgação e distribuição. Não estudamos para isso!
Demonizar tudo que é mídia é um grande erro. Pelos discursos que leio e ouço dos críticos, é como se, em outras palavras, dissessem: – Vocês todos que estão em gravadora não prestam, nem artisticamente, nem no caráter; só pensam em dinheiro. Não é verdade. Existe muita gente na Sony, Som Livre e outras gravadoras que é muito mais envolvida com os valores do Reino de Deus do que seus críticos. Particularmente prefiro ouvir as pessoas e suas histórias antes de qualquer tipo de afirmação sobre seus ministérios e trabalhos musicais apenas porque não gosto, esteticamente de seus trabalhos.
Por outro lado, também não acho que devemos ficar calados em relação ao que vemos de errado sendo propagado pela mídia ou pelos artistas, sejam eles cristãos ou não. Temos que buscar equilíbrio…
A.C.: Agradecemos a atenção e contribuição para nosso blog. Desejamos um ano repleto de Graça, Saúde e muita arte para vocês. 
BAIXO E VOZ: Para você também. Deus abençoe sua casa e os seus!

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Acesse o Blog do Baixo e Voz.

Entrevista com Rodrigo Ribeiro, editor do blog UMP da Quarta

Rodrigo Ribeiro é membro da IV Igreja Presbiteriana em Campina Grande-PB, fundador do blog UMPdaQuarta e eleito presidente da UMP para o ano de 2012. É um dos nossos parceiros de blog e sempre tem contribuído para a difusão do conhecimento cristão na internet.

1) A.C.:  Sua trajetória de vida cristã e de identificação com a teologia reformada fizeram com que você hoje continuasse envolvido com as questões da Igreja. Com que perspectiva você olha para dentro de sua igreja local e ao mesmo tempo para as igrejas evangélicas em geral?
Rodrigo Ribeiro: A minha igreja local é o ambiente que Deus preparou para que eu fosse edificado e edificasse outros irmãos, em comunhão, crescendo na graça e no conhecimento, aprendendo a lidar com as dificuldades de cada um. É impossível exercer os nossos dons, que são para edificação do corpo, e demostrar o caráter de Deus em nós, como a misericórdia, o perdão e amor se estivermos sozinhos, isolados. Por isso, sou contrário ao movimento emergente que se opõe contra igreja institucionalizada, pois na minha comunidade vejo um reflexo da igreja invisível de Cristo. Se cada um de nós entender a importância de nossas igrejas locais, e trabalharmos com todo o amor, sempre buscando glorificar a Deus e proclamar ao mundo o evangelho da graça, teremos comunidades fortes e consequente uma igreja evangélica forte sob o ponto de vista universal. Não vejo como é possível, parafraseando João, amar a igreja invisível se você não ama os irmãos pecadores que Deus colocou perto da você para que vivam como uma comunidade dispenseira da graça Dele. Devemos Trabalhar pela igreja como um todo, através da internet, da propagação dos valores do reinos, mas jamais podemos abdicar ou desprezar nossa igreja local.
 2) A.C.: Além de ser um espaço de identidade e edificação para os jovens da mocidade de sua igreja, o UMP da Quarta (blog mantido por você e sua equipe) tem se mostrado bastante relevante para o público cristão em geral. Como você avalia esta interação tanto no ciberespaço quanto no dia-dia do real? Quais as implicações e dificuldades de se fazer uma mocidade eficaz em ambos os espaços?
Rodrigo Ribeiro: O trabalho na internet tem sido bastante edificante, não só para os que acompanham o blog, mas para nós mesmo que temos produzido, pois é um estímulo para sempre estar buscando aprender. É evidente que isso exige um comprometimento considerável, porque para que o trabalho tenha êxito é preciso existir com conteúdo e credibilidade, por isso é indispensável frequência e fidelidade nas publicações, no que diz respeito aos dias programados.  É um trabalho árduo, mas muito recompensador. Sempre que trabalhamos para a Glória de Deus, Ele nos satisfazer plenamente. O nosso grande desafio, como UMP hoje, é transpor para o trabalho físico, na igreja local, o mesmo conteúdo, com o mesmo envolvimento e adesão, o trabalho realizado no blog. Esta é uma tarefa ainda mais difícil, pois na internet há um número de pessoas ilimitadas, de todos os cantos do mundo que podem se identificar com as publicações, entretanto, no trabalho real, local, você tem um grupo de jovens, muitas vezes com características e interesses diferentes, e você precisa motivá-los, incentivá-los a se engajar nesse projeto, e trabalhar com afinco por uma UMP com consistência teológica, mas dinâmica, criativa e constante. Enfim, é um enorme desafio que temos pela frente, mas creio que Deus estará conosco e nos ajudará a realizar esse missão.
 3) A.C.: Queria que nos falasse sobre a UMP da Quarta como experiência interna na instituição a partir de sua concepção e liderança.
Rodrigo Ribeiro: A UMP da Quarta passa hoje por um momento único de afirmação, numa jornada que iniciou-se a três anos atrás. Houve uma época, que nos resolvemos desativar as sociedades internas e criar um ministério jovem unificado, o que parecia ser uma boa ideia inicialmente, mas acabou ocasionando o colapso dos trabalhos com a juventude em nossa igreja. A sociedade interna funciona com mais jovens, que formam as diretorias, são mais democráticas, posto que os líderes são eleitos pelos membros, além de proporcionar uma maior integração entre as igrejas, através das federações. Por isso, depois de alguns anos desativada, conseguimos reativar a UMP com a graça de Deus. Acontece que, nós temos uma juventude muita ativa e capacitada, envolvida em vários ministérios da igreja, mas que se envolvia muito pouco com trabalhos próprios da sociedade, levando em conta que eram poucos os que existiam também, como cultos esporádicos e plenárias. Acontece que a partir do meio do ano, com o surgimento do Blog, nós criamos uma identidade, o que é fundamental para o êxito do trabalho. Hoje os jovens se identificam com o nome e o significado da UMP da Quarta. Este processo acabou por desaguar na minha eleição como presidente desta sociedade pela primeira vez, apesar de já ter sido presidente da UPA e do próprio mistério jovem. Todos estes fatores nos colocam diante de uma oportunidade imensa de consolidar este trabalho, edificando nossos jovens, os preparando para serem a próxima geração de líderes e oficiais da igreja, e assim contribuindo para o crescimento de nossa comunidade local. Pretendemos ter uma UMP forte, com bases bíblicas sólidas, que se propõe ir além do simples entretenimento dos jovens para que não se sintam seduzidos pelo mundo “de fora”. Desejamos ser uma sociedade que os capacita para enfrentar o mundo “lá fora”, espalhando as boas novas de salvação e vivendo a supremacia de Cristo em todas as áreas de suas vidas.
 4) A.C.: Muitos cristãos costumam ser dicotômicos entre mundo cristão e secular. Entretanto, como um estudante próximo a se graduar em Direito, como você lida com os conhecimentos jurídicos específicos e projeção da possível carreira como profissional na área? Tem como separar o lado cristão do secular diante de tantas regras, leis, conceitos outorgados pelas ciências sociais?
Rodrigo Ribeiro: Está é uma questão especialmente delicada. Os estudantes de direito, geralmente se deslumbram no mundo jurídico, por que acreditam nos seus valores, em suas normas, que o direito é a verdade que irá transformar o mundo. O cristão não observa as coisas por esse primas, e isto pode acabar levando à um descrédito com o seu curso. Entretanto, esta não é postura correta e deve ser combatida. Ser jurista é uma vocação,e como todas as outras deve glorificar a Deus, através do seu trabalho bem executado, com esmero. Para isso, é indispensável ter em mente que a justiça concreta não é está na lei positivada nos códigos. Deus é o parâmetro final de justiça. Este ideal deve ser o combustível que inflama nossos corações na busca da equidade que ultrapassa uma justiça formal, lutando assim por julgamentos justos e pela aplicação de princípios jurídicos que se coadunem com os princípios bíblicos. Além disso, sinto uma lacuna no que diz respeito à conteúdo jurídico produzido por reformados sob uma cosmovisão calvinista, e isto faz falta a nós, jovens acadêmicos. Espero que Deus levante homens para produzir materiais nesse sentido, e até tenho um sonho de realizar isto um dia. Precisamos de referências teóricos acadêmicos no campo do Direito, que tenham bases bíblicas consistentes.
 5) A.C.: Não tenho dúvidas de que sua participação efetiva no ciberespaço tem edificado e corroborado para que as verdades bíblicas cheguem até muitos através do blog. Muito obrigado por ter nos atendido. Estaremos sempre à disposição.
Rodrigo Ribeiro: Eu que agradeço de coração a oportunidade de estar neste espaço virtual que tanto tem me edificado. É sempre um prazer contribuir, seja na internet ou no mundo “real” com a obra de Deus. Que o nosso Senhor nos conceda a graça de militar pelos valores do reino em nossos respectivos blog, e em nossas igrejas locais, sempre visando à glória Dele. Aproveito o ensejo para reafirmar o desejo que já manifestei no Blog UMPdaQuarta, que todos estejam motivados, sejam jovens, adultos, idosos, para juntos colocarmos em nosso coração o firme propósito de fazer de 2012 um ano completamente diferente em nossas vidas, marcado por nosso entusiasmo, dedicação e satisfação em glorificar o nome de Deus em todas as áreas de nossa vida. Que possamos nos afastar das coisas sem menor importância e focar nossos olhos naqueles que nos dá a verdadeira satisfação, que possamos falar como Agostinho: “Quão suave se tornou de repente para mim a privação dos prazeres infrutíferos, os quais eu tanto temia perder! Tu afastaste estes prazeres de mim, tu que és a verdadeira, a ALEGRIA SOBERANA”.

Confira nossa entrevista ao blog "UMP da Quarta"

Esta semana tive a oportunidade de conceder uma entrevista ao blog “UMP da Quarta“, trata-se de um espaço organizado pelos jovens da IV Igreja Presbiteriana de Campina Grande. Confira a entrevista na íntegra:

01- Em algumas cidades do interior a propagação do evangelho encontra imensas dificuldades, principalmente em decorrência da influência de padres e demais lideres católicos. Como é a realidade atual das igrejas reformadas em Guarabira, principalmente da Igreja Presbiteriana, da qual você faz parte?
Um fato curioso em relação aos evangélicos na cidade de Guarabira ocorreu quando a Primeira Igreja Congregacional foi apedrejada por fanáticos do então Frei Damião em 1937. Tirando esse episódio tenso entre protestantes locais e católicos, não acredito que as maiores dificuldades encontradas quanto a pregação do evangelho aqui esteja relacionada a influência de algum tipo de liderança católica. Ao que me parece, as maiores dificuldades encontraram-se dentro do próprio grupo evangélico local, isso devido à antiga bipolarização (entre as duas maiores igrejas que não se entendiam) e a atual multipolarização (capitaneada pelos neopentecostais e suas variações).
Quanto às igrejas de visão reformada temos além da igreja Presbiteriana, duas igrejas Congregacionais – outras sustentam ainda o nome de alguma denominação tradicional, mas não há como afirmar que são reformadas.
A igreja Presbiteriana de Guarabira particularmente tem buscado fazer diferença nesta cidade cujo evangelho pregado por muitos anos foi o evangelho de condenação em detrimento das boas novas. Graças a Deus temos um pastor presente, que sabe equilibrar bem a teologia, arte e música nos dando suporte para uma vida cristã madura e sem extremismos. Nosso lema “A Igreja que valoriza a pessoa glorificando a Deus”, almeja constantemente que nossa igreja seja reconhecida não como a igreja de grandes obras e milagres, mas como uma igreja que ama, valoriza e cuida dos seus membros.
Vale registrar o fato de que recentemente Guarabira foi bombardeada por novas igrejas independentes. A cada esquina tem alguém reproduzindo o discurso da cura e benção material, o que acaba promovendo um grande contraste entre o discurso reformado e as demais denominações. Nossa responsabilidade aumenta no sentido de que precisamos pregar o evangelho, ratificar a graça de Deus e ao mesmo tempo combater as vãs doutrinas que cercam e sugam muitos fracos na fé. De uma forma resumida, nossa realidade é de tempos difíceis e desafiadores na defesa da fé e proclamação da Verdade.


02 – Em seu blog A Arte de Chocar, continuamente vemos a coerência das publicações com o título do projeto. Por que este enfoque na questão do chocar, da polêmica? E principalmente, os que se chocam, escandalizam-se com o conteúdo dos textos ou com a própria palavra de Deus?
A ideia do blog surgiu por perceber que algumas pessoas só atentavam para um determinado assunto inerente a igreja, vida cristã, de uma forma geral, quando se sentiam surpreendidas por algum comentário ou colocação. De fato pareceu ter algum sentido. Isto porque numa cultura tão hedonista, muitos cristãos não possuem opinião formada sobre assuntos diversos; parece que o “Cogito, ergo sum” (Descartes) não anda fazendo jus ao significado de protestante. Então, partindo dessa sensação, a primeira coisa a fazer foi fisgar o leitor mediante o impacto visual, textual ou conceitual. É o venho tentando (se bem que ultimamente acho que não venho chocando ninguém (rs)).
Penso seriamente que existe uma diferença entre escândalo e “analfabetismo” teológico. Se somos protestantes e em nada temos para protestar ou denunciar, torna-se estranho não? Os evangélicos no Brasil têm doutrinas distintas, diferenciados usos e costumes, o que por natureza gera um tipo de auto-estranhamento. Há um choque em alguns pentecostais tradicionais quando dizemos crer na doutrina da eleição? Ou quando batizamos crianças? Acredito que em parte sim. Isso seria escândalo?
Existe uma diferença entre o que seria escândalo por caráter cultural e verdade bíblica, assim como ninguém deve estar fadado a morrer como criança espiritual. Para este segundo caso, a palavra “escândalo” está inapropriada.
Sei das implicações do “Arte de Chocar”, mas tenho pedido perseverança e sabedoria para saber chocar na medida correta, se é que existe tal porção. (risos)


03 – Provavelmente, por causa de sua formação, notamos um destaque muito grande no aspecto musical, muitas vezes com uma abordagem crítica do cenário nacional da música evangélica. Quais os principais desafios de um músico cristão desejoso em fazer uma boa arte com conteúdo e que se depara com a realidade do mercado “gospel”?
Temos uma história de nossa música cristã brasileira assim como também temos uma história de músicos cristãos brasileiros. Acho um tanto quanto desrespeitoso alguém querer fazer música cristã sem ter o mínimo desejo de conhece sobre ela, ou seja, conhecer a gente que desbravou nossa música superou o monopólio dos cânticos europeus, e que deu um toque de brasilidade e poesia em nossa canção. Aqui me valho de gente como Jayrinho, Sérgio Pimenta, Janires, Bomilcar, João Alexandre, Logos, Jorge Camargo, dentre muitos.
Quanto aos desafios para um músico cristão, elenco o desfio da arte: “Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo” (sl 33.3). Acredito que a música cristã tem sido uma arte mais rendida a fórmula do que a criatividade e verdade de quem a produz. Acho também que o músico cristão precisa não se enveredar por esse caminho; precisa buscar nas referências desses precursores exemplos e experiências que vão além da noção de $uce$$o.
O músico precisa tratar as músicas cristãs não pela popularidade, mas pela excelência bíblica, estética e sonora. Desafio também é acreditar que músicos são apenas canais de Deus. Não são “super-ministros”, Levitas, ou redutos de unção. Precisam aprender a serem servos em outras áreas além da música, precisam ser peritos não só nas notas musicas, mas na leitura da palavra, no diálogo e participação com a sociedade, etc. O desafio envolve, da mesma forma, o fazer música no sentido de adoração buscando dar a melhor letra, o melhor arranjo, na busca de um novo cântico. Desafio é principalmente não se render aos fetiches do mercado – creio que para a igreja ser edificada através da música não é preciso tocar sempre o “sucesso do momento”; uma canção que contém verdades bíblicas jamais soará vazia, portanto tiremos essa responsabilidade de querer embriagar a igreja em sua totalidade com mantras que são apenas “mais do mesmo”, mas, do contrário, cantemos a verdade, o amor, a arte, sob os requisitos da excelência, sabendo que Deus sempre nos fará um canal.


04 – Muitos têm notado um processo de crescimento nos hemisfério sul, das antigas doutrinas da graça, conhecidas também por Calvinismo. Neste processo os jovens tem se destacado. O estágio atual das ferramentas da internet, como as redes sociais tem relação direta com isto? E quais a importância e os desafios dos blogueiros reformados diante deste processo?
Com certeza. Essa nova interface de comunicação nos proporciona contatos e influências que no mundo do real vivido durariam décadas. Hoje um simples blog de apologética, música ou arte cristã não vive estanque, isolado, mas chega rapidamente nas redes de twitter, facebook, orkut, myspace, etc., levando ideias, pensamentos e acima de tudo a Palavra de Deus – é o que fazemos comumente no nosso dia-dia, não é?
Um dos maiores desafios para os blogueiros é perserverar, nunca desacreditar no trabalho. Há quem subestime esse oficio, ou quem o minimize sua eficácia, mas não há dúvidas de que o blog é uma ferramenta que transforma que influencia, e edifica pessoas. Poderíamos citar vários casos… Eu sou um exemplo vivo!


05 – Gostaria que você nos falasse um pouco das dificuldades que você enfrentou na área acadêmica ao cursar um curso como o de história, e também que deixasse uma mensagem para os leitores deste blog que passam pelos mesmos desafios diariamente.
Entrei no curso de História no ano de 2001 e confesso que foi muito difícil neste início lidar com as ciências humanas em geral. Enquanto Santo Agostinho afirmava que o conhecimento nos aproximava de Deus eu percebia que aquilo tudo que eu lia, discutia em nada convergia com a Verdade defendida pela minha igreja. Levava anotações e dúvidas para o templo, mas as respostas não convenciam, a ponto que as ciências humanas acabavam por mais atraentes e presentes na minha política e social do que os estudos bíblicos sobre o tabernáculo ou escatologia. Sentia que na universidade havia o prazer pelo pensar, enquanto na igreja havia o prazer pelo reproduzir os conceitos prontos, fechados e nunca postos à mudanças (a saber uma Teologia engessada e muita tradição humana). Foi uma época de crise e desencontros.
Atualmente, trabalho com a área de História Cultural, e tem sido uma ótima experiência. Hoje, menos imaturo que a dez anos atrás, percebi que posso tirar proveito de muitos conceitos de filósofos, historiadores, sociólogos, etc. Contudo para que se tenha um curso prazeroso e saudável espiritualmente, é necessário fazer ajustes e pontes com as Verdades de Deus: quando Hegel entendia que sua dialética se movia por uma força idealista, o espírito, eu posso atribuir nitidamente isso ao que a Bíblia confirma sobre “Ele” como Senhor da história; as “relações de poder” de Foucault, as “representações” de Roger Chartier, por exemplo, são conceitos admissíveis até mesmo numa interpretação bíblica da humanidade. É isso que tenho feito, sem relativizar, claro, a Verdade.
Sugiro urgentemente aos que cursam algum curso das ciências humanas que leiam literaturas cristãs relacionadas a sua área. É de suma importância a defesa da fé de uma forma racional, lógica e inteligente – ser cristão é estar a frente do óbvio, é ver além das coisas. É isso que tenho tentado fazer e acredito piamente que é isso que Deus deseja: que sejamos agentes de transformação em todas as áreas da vida, e com certeza na área acadêmica.
Um abraço, e muito obrigado pela entrevista.
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“Músico Cristão pode tocar secular?” – Veja o que pensa João Alexandre

Por Antognoni Misael

Anos atrás peguei o edital do vestibular Universidade Federal da Paraíba para decidir que curso fazer e seguir carreira profissional. Dentre tantos que cogitava, um curso me chamara bastante atenção: “Música Popular”. Tratava-se de um curso novo no campus, e que era voltado para a musicalidade popular, folclórica, menos próxima das escolas eruditas, como é de tradição nas academias do Brasil. Assim como um músico orquestral, o músico popular estaria habilitado para seguir carreira, vendendo sua força de trabalho para o mercado e vivendo dignamente como qualquer outro profissional das outras áreas.

Este embate me fez repensar o que por muitos anos foi inadmissível por parte de igreja. “Poderia eu tocar secularmente”? Era comum se cobrar de um músico novo convertido o abandono total de suas funções no secular na argumentação de que aquela atividade não era para glória de Deus, em detrimento do servir integralmente ao louvor da igreja, enquanto esta se levantava em oração para que um outro emprego “digno” aparecesse para o recém chegado músico.
Repensando nesta questão, que considero praticamente resolvida (sou otimista), trago pequenos trechos do livro “Músico – profissão ou ministério”, do cantor e compositor João Alexandre e de Luciano Garrutti Filho, em que ele (João) contribui com sua opinião sobre o assunto. Acompanhe:
1) Tocar para glória de Deus significa tocar só música evangélica?
J.A.: É bom que se lembre que Deus não é evangélico. Deus é Deus. Há uma tendência de achar que a nossa música, ou a música executada pelos evangélicos, seja a música correta. (…) a música não possui caráter o credo religioso. No tocante à letra, qualquer música que se enquadre naquele versículo que diz: “Quanto ao mais, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é justo, tudo o que é puro, tudo que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. (Filipenses 4:8); pode ser cantada, não precisa ser necessariamente música evangélica. Existem músicas que nem evangélicas são, e que falam sobre verdades muito bonitas, sobre valores intrínsecos, os quais estão de acordo com os valores bíblicos. Tudo o que está contido na Verdade bíblica é passível de ser cantado, sem qualquer constrangimento. Aliás, depois da conversão já não deveria mais haver distinção entre aquelas atividades que são consideradas como carnais, e aquelas consideradas como espirituais. O que queremos dizer com isso é que, depois da conversão, tudo o que fazemos deve ser espiritual. Lavar o carro deve ser tão espiritual quanto cantar um “corinho”, por exemplo. A Palavra de Deus nos ensina que devemos andar em Espírito (Gálatas 5:16, 25; Colossenses 1:10; 2:6), significando que o estar em Cristo não é constituídos em atos isolados, mas de um estilo de vida motivado por um coração transformado por Deus.
2) O músico profissional cristão deve e pode trabalhar em ambientes tais como bares, restaurantes, etc.?
J.A.: Isto seria o mesmo que perguntar a um médico se ele pode trabalhar em um hospital ou clínica. Com certeza, um médico não iria clinicar no bar da esquina, ou em meio a um restaurante, assim como seria pouco provável que um músico viesse a tocar em um determinado hospital ou maternidade. O que está em questão aqui não é a atividade em si mesma, mas o ambiente onde ela é geralmente executada. O ambiente no qual o músico trabalha é um ambiente geralmente rotulado como pernicioso e nocivo à moral pela maioria do setor evangélico da sociedade. Isto acontece pelo fato de haver em alguns desses lugares a presença de drogas, bebidas, e coisas do gênero. Todavia, gostaríamos de lembrar aos leitores de que o ambiente de trabalho de um músico não se restringe “única e exclusivamente” a lugares como os descritos acima. Existem outros ambientes sociais onde o músico pode exercer a sua profissão, tais como: concertos de música clássica, casamentos, recepções, etc.; os quais são desprovidos deste caráter pernicioso. Além disso, as drogas, bebidas, e coisas do gênero também estão presentes em outros ambientes de trabalho tais como: hospitais, na política, etc. Não é necessário ser músico para entrar em contato com a triste realidade do mundo a nossa volta. Vale a pena dizer que nem sempre o músico tem o privilégio da escolha. Em tempos de “vacas magras”, a fim de sustentar sua família (pois apesar da desatenção de muitos, sim! o músico também é pai de família, e como tal possui muitas possibilidades) ele pode vir a ter que tocar em ambientes que não são de sua preferência pessoal, o que não significa que por isso ele venha necessariamente corromper-se, ou coisa semelhante. A única diferença entre a música e as demais profissões é que ela vem sofrendo grande preconceito por parte da sociedade em geral por vários anos. O músico, graças a algumas questões culturais, carrega aquele estereótipo de bom vivan, o qual em hipótese alguma condiz com a realidade dos fatos. É aquela velha estória da preguiçosa cigarra que vivia a cantar o dia inteiro, enquanto que a valorosa formiga somente trabalhava. Há também o ditado que diz que Deus ajuda a quem cedo madruga. É um ditado “bonitinho” este, o único problema é que ele desconsidera os músicos e os guardas-noturnos, que trabalham durante a noite. Agora, um músico profissional cristão deve ser uma pessoa preparada para enfrentar ambientes como estes sem se deixar influenciar e, se possível influenciar aqueles que o cercam para que se aproximem de Deus. É aí que entra o papel da Igreja, não como elemento repressor, mas como aquela que há de prover ao músico o suporte espiritual e emocional para que ele seja luz no mundo e sal da terra, e faça diferença no meio onde vive. O músico, sempre é obrigado a ser uma benção na vida de seus irmãos, e raramente tem o privilégio e a oportunidade de ser abençoado por estes.
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“Não estou no mercado gospel e não pretendo estar” – Leia a entrevista de Gladir Cabral ao Arte de chocar

Artedechocar: Em 2009 foi lançado o DVD Casa Grande, um trabalho diferenciado tanto pela formatação de cenário, textura musical e letras recheadas de imaginário, poesia e celebração a vida. O que vem por aí no próximo DVD? Alguma outra novidade podemos aguardar?
Gladir Cabral: O primeiro DVD foi uma surpresa que ocorreu em minha vida, um presente de Deus. Não desejei nem planejei realizá-lo. Fui procurado pelos amigos da Luz para o Caminho, que fizeram a proposta. Não tenho planos para outro DVD e talvez essa experiência nunca mais venha a se replicar. Tenho vontade, sim, de gravar outro CD, voz e violão, algo bem simples e despojado, mas ainda não tenho persepectiva de como isso venha a ocorrer.
Artedechocar: Músicas como “Casa Grande” e “Terra em transe” trazem abordagens interessantes sobre questões sociais, de meio ambiente. Na sua ótica, o que torna uma música cristã, mesmo que esta trate de assuntos seculares? E como você relaciona adoração e música?
Gladir Cabral: Seguindo uma tradição Reformada, não vejo fronteiras definidas que separem atividades sagradas e mundanas. A vida cristã é um todo indivisível. Minha fé em Cristo está diretamente ligada à minha vida familiar, profissional, pessoal e social. Vivo segundo o princípio de Colossenses 3.17: “Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai”. Portanto, não há compartimento desvinculado do Reino de Deus em meu viver. Dessa maneira, quando canto sobre o meio ambiente ou sobre os dilemas da escravidão humana, faço-o tranquilamente, tentando ver todas as coisas sob a ótica da fé em Cristo. A partir de Romanos 12, entendo a vida, em todos os seus variados aspectos e tensões, como um serviço de adoração a Deus. Nesse sentido, todas as minhas canções estão diretamente relacionados a esse “culto racional”, no seu sentido mais amplo, existencial, histórico, corporal. Entretanto, nem todas as canções são litúrgicas no sentido convencional, visto que não são diretamente relacionadas a uma parte da liturgia tradicional ou mesmo contemporânea. Mesmo as que não são “litúrgicas”, costumo cantá-las em minha Igreja, quando prego, geralmente para ilustrar uma parte da mensagem ou em algum outro momento do culto.
Não há música cristã, há cristãos que fazem música. Um cristão pode cantar vários gêneros musicais, ler vários poemas, contar histórias, parábolas, romances. Se um cantor secular, sem qualquer experiência pessoal com Deus, canta “Amazing grace” para um filme de Hollywood, ele está cantando só uma música popular. Se um cristão sinceramente canta “Amanhã, vai ser um novo dia, da mais louca alegria….” e a enche de plena significação, essa canção deixou de ser só uma música pop. Para mim, o grande critério para avaliar uma canção popular ou qualquer forma de arte feita por cristãos é saber até que ponto ela reflete, abriga ou transmite os valores do Reino de Deus. Às vezes, a mensagem cristã pode estar explícita na letra, outras vezes ela pode estar implícita. Tudo depende da hora em que se canta, do local e para quem se cantam as canções.
Artedechocar: O Cristão pode tocar secularmente? Você o faz? 
Gladir Cabral: Como disse, não creio na dicotomia religioso vs secular. Entendo a profissão de músico como digna para ser seguida por qualquer cristão, seja numa banda militar, numa orquestra sinfônica, num grupo de jazz, num estúdio, etc. Entretanto, certos ambientes são potencialmente perigosos para qualquer pessoa e a longo prazo podem trazer danos à saúde e à vida familiar. Conheço muitos músicos que tocam na noite, mas estabelecem limites, seguem princípios sobre o que tocar, até quando e em que ambiente. Muitos deles não fazem o que gostam e admitem as dificuldades. Acabam tocando um repertório pobre, por obrigação, e não o que gostariam de tocar.
Eu não sou músico profissional, sou professor. Ser professor hoje é tão difícil quanto ser músico. Na verdade, qualquer profissional cristão em qualquer área enfrentará dilemas éticos, conflitos, lutas, provações e correrá riscos. E creio firmemente que é preciso que haja cristãos comprometidos com o evangelho de Cristo tocando na noite, nas feiras, nos hotéis, a fim de darem testemunho do evangelho. Isso não é nada fácil.
Artedechocar: Ao que notamos, a relação “imaginação/criação” e “Deus/igreja” passa por uma crise séria no Brasil. Gostaria que explanasse um pouco sobre a relevância da criatividade na vida cristã e na igreja baseado em sua experiência de vida. 
Gladir Cabral: A imaginação é uma dimensão importante da vida humana. O Criador nos fez com essa capacidade criativa. Todos os inventos que hoje utilizamos em nosso dia a dia foram um dia imaginados na cabeça de alguém e depois viraram projeto. Sem imaginação, não há transformação da realidade, não há alegria, não há vida. A própria Escritura foi feita utilizando o recurso da imaginação: histórias, parábolas, poemas, canções… Precisamos redescobrir o valor da imaginação em nossa prática cristã cotidiana, na comunicação do evangelho, na arte, na vida diária. Há um grupo de cristãos nos Estados Unidos que desenvolve um projeto muito interessante em relação ao uso da imaginação na leitura das Escrituras, sob a liderança do músico cristão Michael Card: http://www.biblicalimagination.com.
Artedechocar: Já são sete Cd’s, um DVD, belas canções, mesmo assim dificilmente encontraremos Gladir Cabral nas paradas do “Sucesso Gospel”. Queria que falasse um pouco sobre seu posicionamento no mercado fonográfico, seu público, sua arte, seus sonhos.
Gladir Cabral: Não estou no mercado gospel e não pretendo estar. A música em minha vida é vocação, ministério. Para mim as canções são parte de minha vida e de minha atuação no mundo como ser humano e como servo de Deus, não são produtos a serem vendidos, rotulados, comprados, etc. Estou tranquilo em relação a isso. Vou levando desse jeito, ocupando espaços que me cabem, aceitando convites para pregar e cantar nas igrejas, universidades, colégios, interagindo com as pessoas via web e pessoalmente.
Artedechocar: Quais foram as suas influências musicais, e queria que citasse alguns nomes atuais que você tem por referência.
Gladir Cabral: Minhas influências musicais foram muitas e não tenho como lembrar de tudo o que ouvi e que me influenciou ao longe da vida: a música caipira, os hinos antigos, os Beatles, Bob Dylan, Chico Buarque, Gil, o Clube da Esquina, Beto Guedes, Milton, Mercedes Sosa, Violeta Parra, Victor Jara, Vencedores por Cristo, Jorge Camargo, João Alexandre… Quem mais? Não dá para nomear. Na música popular contemporânea, há muita gente fazendo coisas belíssimas: Mônica Salmaso, Lenine, Sara Tavares, Dulce Pontes… Não ouço rádio. Quando que me interesso por um músico, pesquiso e passo a ouvi-lo.
Artedechocar: Com que perspectiva você avalia a igreja brasileira atual, e a música evangélica em geral.
Gladir Cabral: Não há igreja brasileira atual, há igrejas brasileiras. A realidade é muito complexa e não dá para generalizar. Ninguém representa a Igreja brasileira hoje. Ninguém pode falar em nome dela. Temos um amontoado de movimentos, instituições religiosas, denominações, seitas mil… Cristo não pode ser confundido com isso tudo. Hoje em dia até mesmo o título de evangélico não quer dizer nada. Por exemplo, eu não me sinto representado pela chamada bancada evangélica em Brasília. Aliás, não quero qualquer vinculação com eles. Sou cristão, e só. Sou pastor reformado, e só.
A música chamada evangélica também está na mesma confusão. Não gosto de música gospel. Ela não me diz nada, não me toca. Respeito quem a faz, mas não consigo ouvi-la e muito menos cultivá-la. Gosto dos hinos antigos. Gosto de música não comercial, gosto do artesanal, do pessoal, do autêntico. Gosto de música popular brasileira em seu sentido amplo e verdadeiramente popular, não no sentido que a mídia rotula.
Ouço com muita atenção e prazer o som de Jorge Camargo, Gerson Borges, João Alexandre, Stênio Marcius, Nelson Bomilcar, Aristeu Pires, Vencedores por Cristo, Diego Venâncio, Silvestre Kuhlmann, Vencedores, Glauber Plazza, Fabinho, Vencedores, Carlinhos Veiga, Rubão, Roberto Diamanso, Sal da Terra, Alma e Lua, Aline Pignaton, Banda de Boca, Gerson Samuel, Crombie, e muito mais gente que não citei. Fora do Brasil, acompanho os passos de Michael Card, Sara Groves, Phill Keaggy, Andrew Peterson…
Artedechocar: Gladir, desde já queremos agradecer pelo carinho que fomos recebidos e pela sua disponibilidade. Que Deus possa te abençoe grandemente. Alguma consideração final a fazer?
Gladir Cabral: Muito obrigado pelo convite. Embora a música seja uma dimensão importante da minha vida, há outra parte que amo também profundamente: o silêncio. Costumo silenciar meu coração em oração. Esse exercício tem me ensinado muito a ouvir a voz do Senhor, a esperar, a aquietar o coração. Estar aos pés do Senhor, como fez Maria, é a melhor parte (Lc 10.38-42).

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Uma entrevista com Tiago Vianna

1) Antognoni Misael: Olá Tiago Vianna, Bem vindo ao ArtedeChocar e Púlpito Cristão! Pra iniciar, gostaríamos que contasse um pouco de sua história com a igreja e com a música, sua formação, influências…
Tiago Vianna: Obrigado pelo convite! Bom, nasci em lar cristão e a igreja presbiteriana foi o meio em que cresci. Desde pequeno eu ouvia muita coisa de música, principalmente Beatles, Wings, Cat Stevens, Supertramp… a sonoridade destes grupos era algo que sempre me fascinava… vamos dizer que o que é chamado de pop hoje era o que eu ouvia, isso porque meus pais sempre tiveram acesso ao que era de mais atual na época… quando adolescente entrei em contato com 14 Bis, Milton Nascimento, Beto Guedes, Ivan Lins, Djavan, vindo somente aos 14 anos começar a ouvir o que atualmente chamam de MPB Cristã (João Alexandre, Jorge Camargo, Guilherme Kerr, Sider, Bomilcar, Pimenta…); nesta época eu ouvia também Phill Keaggy, Yes e M W Smith, enfim, uma boa mistura que me foi referência pra o que tenho feito hoje. Minha formação musical se deu no aspecto da apreciação musical e mais tarde acabei me formando como bacharel em Música Popular pela UNICAMP. Em 1997 por tirar muita música de ouvido acabei encontrando um caminho bom para fazer minhas próprias composições.

2) Antognoni Misael: Após dois discos autorais, Nenhum Outro Caminho (1999) e Segundo Tiago Vianna (2004), além de várias participações em trabalhos relevantes com Jorge Camargo, Gladir Cabral, Guilherme Kerr. Que experências você tem pra contar durante esses anos convivendo musicalmente com tantos músicos bons no cenário cristão, e o que tem preparado para um possível próximo disco?
Tiago Vianna:  O que mais celebro são as amizades, que começaram justamente por esta afinidade musical. O primeiro amigo que me deu um impulso foi o João Alexandre. Lembro que fui à casa dele e mostrei algumas de minhas músicas, bem cruas, e de cara o que ouvi foi só incentivo e todo apoio para gravar; o mais legal de tudo isso é que o João ainda mantém esta mesma postura, sempre apoiando novos compositores – um exemplo é o Alann Marino, que recebeu todo o apoio do “véi” João neste último ano. Após esta conexão outros vieram pelo caminho como Bomilcar, Carlinhos Veiga, Gladir Cabral, meus parceiros também de aconselhamentos tanto musicais como de vida mesmo! Vejo que o que eu mais guardo não são as experiências musicais, que são ótimas, mas a convivência com estas pessoas, quer mais que isso? Meu próximo disco, que chega em agosto agora, é prova de algumas destas parcerias e de outras novas!

3) Antognoni Misael: Poderia citar duas canções que marcaram a sua vida sendo uma destas composta por você? E quais razões e significados que tiveram pra você?
Tiago Vianna: Gosto muito de “Muro de céu”, música minha que está no primeiro disco e seu significado beira o fato de estarmos perto de Deus, mas não o bastante; ela retrata que o amor de Jesus quebra qualquer barreira que nós mesmos levantamos através de nossa religiosidade… outra que diz muito pra mim é “O que me faz viver”, do Sergio Pimenta e que coincidentemete trata do amor de Jesus, sendo este amor a força motriz de nossa vida – coisa que não se explica!

 4) Antognoni Misael: Hoje no Brasil o termo “gospel” é uma expressão polissêmica. Ele nem se adequa a vanguarda gospel arraigada ao jazz, blues e black music norte-americano e nem a música popular brasileira cristã. Seu sentido, ao que fortemente se percebe, está relacionado a “um mercado”, e não a uma verdade no sentido de expressão artística. Não sei se você discorda desta visão, mas o que queremos saber é se você se considera um cantor Gospel, e como Tiago Vianna se vê na música atual.
Tiago Vianna: Risos… realmente o brasileiro é quase competente em imitar o que vem de fora. Colocar nomes em inglês mudando o real significado do que se propõe é apenas um dos exemplos… isso está no nosso DNA: preferimos muitas vezes imitar a criar do zero; isso não é nada novo, é um dado cultural nada exclusivo do meio cristão. Por opção e por razões que me parecem óbvias eu não acompanho o mercado gospel. Eu me considero um artista que faz música atual, que procura estabelecer um diálogo com todos e que aborda as questões da vida e do dia-a-dia; seria possível Deus não estar ligado a tudo isso? Não sou adepto de muros ou segmentos, isso quem define são os críticos.

5) Antognoni Misael: O blog Púlpito Cristão é um espaço que rema contra a correnteza de um evangelho mercadológico e superficial promovendo um pensamento cristão com conteúdo, crítica, ironia e bom humor. Como você avalia essa postura de inconformidade em relação ao blog, e até que ponto ela está presente na música cristã no que se refere a formação de opinião?
Tiago Vianna: Vejo que a música cristã tem o papel de situar Deus em relação a tudo que se chama vida, no entanto, percebo que a música deve ser também canal para a boa formação de um povo; por isso ela deve também alertar, mostrar, denunciar e colocar em cheque as coisas que estão em desacordo com o que Deus nos propõe. Vejo que tudo o que puder concorrer para esta perspectiva é saudável. A música cristã ainda engatinha neste campo, e é com certeza um papel a ser encarado com inteligência e criatividade por aqueles que fazem música e se sentem chamados a fazer isto!

6) Antognoni Misael: Em breve estrearemos um projeto Nossa Arte Cristã, e aproveitando sua presença nes, gostaríamos que deixasse um recado, sugestões, ou palavra de incentivo aos nossos leitores para que possam não só apreciar o que temos de melhor na nossa arte, mas também a serem produtores dela para a Glória de Deus e engrandecimento do Reino.
 Tiago Vianna: Sua pergunta já é em parte uma resposta! Meu incentivo é: aprecie, crie! Deus nos fez seres com percepção para que a usasemos com plenitude!

7) Antognoni Misael: Agradecemos pelo contato (rápido e de fácil acesso) e pela sua cordialidade bem cristã conosco. Que Deus continue te dando belas canções e muita sabedoria em seu ministério. Queríamos que deixasse seus contatos para os que desejam lhe conhecer melhor, e também que registrasse algumas considerações finais.
Tiago Vianna: Obrigado Misa! Este canal de comunicação escolhido por você é precioso! Meu contato principal é meu site http://www.tiagovianna.com/ , e de lá todos me encontram nos outros meios virtuais. Quero indicar um site que é de meu parceiro Joe Edman, a loja virtual www. veroshop.com.br . Um forte abraço!

Entrevista e música de Tiago Vianna no programa Plataforma. Não deixe de assistir.
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Tiago Vianna faz parte da nova geração de músicos brasileiros que buscam trazer em sua música a realidade comum a todos: a rotina, as lutas, coisas que esperamos acontecer, os absurdos e as surpresas boas e não tão boas…
Compositor e intérprete, Vianna tem dois albuns gravados além de já ter participado em discos de outros artistas como ,Gérson Borges, Jorge Camargo, Gladir Cabral, Arlindo Lima,Wesley Godoy entre outros.

Artedechocar entrevista o líder da Igreja Independente da Verdade Profética

Artedechocar: Pastor Inácio Turbilhão, fale um pouco da sua igreja e como ela vê os evangélicos no Brasil.

Pastor Inácio Turbilhão: A Igreja Independente da Verdadche Profética é uma comunidade que é libierta da Teologia, das dutrinas dus homi, das regras e entendimiento bíbrico comprexo. Nossa igreja literalmente independe da Verdadche, ela é movida pelas nossa vontade, sonhos, pranos, projetos, isso é o que importa! A briba é nossa arma de guerra, nosso canhão de fogo e Deuxxs quer que usemos ao nosso favor – nós apontamos o lado bom pra nóix, e o lado rím dos castigo e tribulação prus ímpios.
Muitos crentes de hoje são presu no medo de prosperar e só vevi pensanu em graça, e isso é algo óbvio, é o lado divino, isso não cabe a nóisx. Eles usa as escritura para falarem de vida difícil, atribulada, cansada, e limitada, ou sinão diz que é mais que vencedor em Cristo, mas alguns deles vevem doenti, no aperto financeiro, sem casa própria, sem carro, como pode isso? Que vencedor é esse?? Eu intendo tá tudo errado hoje em dia. Vivemo no fim dos tempo, mas o melhor de Deuxxs ainda está por vim. A briba é o nossu cardápio das benção. Tomemos Posse, Alaluiass!!! Os homi da bríbia que sofreram tiveram o privilégio de terem sidos escolhidos e escritos no livro de Deuxxs  pensi numa recompensa divina. Já que nós num fomu daquele período, temos hoji o privilégio de ter, comer, vestir, o melhor desta terra. Alaluiass!
Artedechocar: Como funciona a doutrina da Igreja Independente da Verdade Profética?
Pastor Inácio Turbilhão: A Igreja Independente da Verdade Profética num tem dutrina. Isso é invenção dos homi. Na verdade agente valoriza a prusperidade, pois não consegui conceber como alguém é filho du dono du ouro e da prata e num possui nem sequer uma vida de riqueza normal; não cunseguimos entender se nóisx, como um filho do Deuxxs das riqueza num tem carro do ano, uma mansão no milhor bairro, um apartamento na praia, tudo é pra nóisx, Deuxxs fez pra nóix e temo que tumar posse Alaluias; isso serve pra mostrar aos ímpios que vali a pena ser crente, e também pra nunca e jamaisx ficar por baixo dele. Quem é mais rico, Deuxxs ou o Diabo? Também não aceitamos duentes em nossa congregação. Se nosso Deuxxs é médico dus médico, a doença deve sair na hora! Num toleramos nenhuma simples virose. Isso é pra quem não está ungido ou esta pecando isxcondido.
Artedechocar: E como é a forma de cultos em sua igreja?
Inácio Turbilhão: Na nossa igreja o agir de Deuxxs é lindo e o culto num tem regra, é igualzinho a Deuxxs: num tem começo nem fim. Deuxxs haji quando nós quer! Basta cramar irmão! Pedir, e pagar o preçu!!  Nós veve literalmente na luta; amarramo o capeta e pegamo nossa benção! Lemo a palavra uma vez por semana. Tem que ler, claro. Mas uma coisa é mais importante do que passar horas na teuria, idolatrando o cunhecimento da tal Tiologia – coisa de gente de pouca fé -: é a oração, revelação e a determinação. Nos nosso culto fazemos inúmeros cramores, pedimos a Deuxxs que Ele cumece a batizar e queimar com fogo, daí siempre alguém se levanta como vaso e começa o verdadeiro ribuliço e esse ribuliço num dá pra explricar, é um mistério… * [nesse momento o pastor Inácio Turbilhão saiu de si e começou falar uma linguagem diferente que foi captada pelo nosso gravador e transcrita abaixo]:
(…) cantabalaxuriaseutanasssxupabalissepa…eis que o Sinhor te diz agora entrevistador: TENTARÃO CONTRA TXI, E EIS QUE TXI DAREI UM LIVRAMIENTO E POREI NA TUAS MÃO UM CHEQUE COM VÁRIOS ZERO NO FINAL, E EIS QUE DIVIDIRÁS (ALALUIAS!) COM A IGREJAS DO PASTOR INÁCIO TURBILHÃO PARA QUE ALCANCES VITÓRIA FINANCEIRA E QUE O SEU BLOG  ATRAVÉS DESSA ENTREVISTA GANHE MUITO DINHEIRO E SUCESSO NO MUNDO TODO.  FAZ ISSO QUE SERÁS BEM SUCEDIDO. ALALUIASS!
* [então o Pastor retorna em si do seu karma e segue a entrevista]: perdoi-me pur ter me ausentado da mente, pois Dêuxss  queria que te enviasse esse recado que já foi dado, amém.
Artedechocar: Como a Independente da Verdade Profética trata os usos e costumes?
Inácio Turbilhão: nóisx somus crentes mudernos, porém à moda antiga. Crente priscisa se vistir como crenti. Nós não se misturamos com o mundu. Em relação as mulher, elas tem de cobrir os juelhos, se possível as canelas, pois as pernas são um local onde o inimigo investe na causa do adultério. Tudo começa por um olhar as penas e quando vai subindo a vista Deuxxs vai abominando. Cabelos infeitados e brincos também são evitados pra num promover vaidade na mulher. Já aos homem, é simples: sempre calça, manga cumprida, palitó, e pronto. Entendemos que o crenti precisa ser identificado de longe, aparência é tudo, isso que nos faz diferenti do mundo. Alaluiass!
Artedechocar: Aquelas pessoas da foto, pode nos apresentar? Exercem algum papel específico no templo?
Inácio Turbilhão: São uxs obreiros e as carneirinhas do Senhor…hehehe. Da isquierda pra direita temos:
* Irmã Faustina Camelo, a líder do grupu de Jesto, que mantem o grupo “Mãos Santas” com gestos de unção e libertação na vida da igreja. Alaluias!!
* Missionária Zileide Conceição que tem um lindo trabalho dxi revelações e combatchi  a infidelidade. Sempre serve as esposas dos grandes ricos da cidade que lutam pra salvar seus casamentos. Veve de ofertas e sempre pousa na casa dos casais abastardos da igreja. É bastante riquisitada também para revelar ixcrituras de casas, causas judiciais, e tal… É um ótimo diferencial para nossa igreja. Alaluias!!
* Irmã Terezinha da Goma que é uma profetchiza cheia dchi poder de cura, revelação e limpeza de ambientes poluídos por demônios. É uma verdadeira libertária! Já libertou a igreja toda foi até cobiçada pela IURDê, mas após uma profecia dxi mortchi recebida, temeu a Deuxxs resolveu não esquecer us princípios da Igreja Independente da Verdade Profética e continua até hoje cunoxco. Alaluias!!
* Pastora Samara da Luz que tem um lienndo ministério de pruficias amorosas. Ela revela com quem os irmãos da igrieja devem se relacionar e até casar. Já revelou mais de 325 prufecias de casórios, mas infelizmente até hoje, Deuxxs lhe poupou de um matrimônio (segundo ela) para que serivisse aos maisx carentes e  abrasados, porém já foi avisada pelo “ixpírito revelador” sobre um rico e poderosos homem, impresário, que brevemente será seu namorado e que casarão no fim de em 2012. Alaluias!!
* Jesiel Botelho (atrás da pastora sâmara) é o nosso diácono e tisoureiro. Homi justo e valente. Siempre que os demônios aparece no culto ele amarra e arrasta pra fora do templo, si possível mete o pau. Se num fosse ele, a igreja era cheia de mindigo e gente póbri e moribunda. Num passam da porta porque ele solta o braço forte de jeová em cima dos miserável. É um verdadeiro varão de guerra. Alaluias!!!
* Inácio Turbilhão o próprio. Quero dchizer um detalhe da foto. Deuxxs fez uma aliança comigo amado e disse o siguinte: quem é maior, o cabelo ou a cabeça? Portanto tirarei vosso cabielo, maixxxs, tchi darei a glória de ser o cabeça aonde quer que vás. Alaluias!!! Por isso hoje e eternamenti serei próxpéro!! Alaluias!!!
* O último, Paulo Pintão é o nosso apóxstulu. Ele é ex mesa branca, ex pai de santo e ex budista. Tem o dom de desenhar os dimônios e expulsá-los num raio dche até 80km. Trabalha com “fotologia santa”, que é o poder de dchizer o futuro através da simples observação dchi fotos. Uss irmãos que passam por 
problemaxs, empassexs, dúvidaxs, só basta levar uma foto pru apóstolo Paulo Pintão que ele quiebra a maldição e antecipa a benção. Alaluias!!!
Artedechocar:: Alguma consideração final pastor?
Inácio Turbilhão:  Quero agradchicer e dchizer que a Igreja Independente da Verdade Profética está dchi portas abiertas pra receber todo tchipo de gente, de todas os tchipos de religiões. Venham receber a benção e obter a cura e o milagre em sua vida. Pra quiem não conhece, o nosso tiemplo fica lucalizado aqui bem pertinho… mas pertinho mesmo…ahhhh,  do lado do…., ou melhor…..fica dentro do……dentro da  CIMAS*.
*CIMAS: Central de Informação e Manipulação Satânica 

Arte de Chocar entrevista Jorge Camargo

Considerado como um dos maiores expoentes da música Cristã, Jorge Camargo além de ser um compositor que dispensa comentários, esbanja uma trajetória com oito discos cheios de salmos, poesia, reflexão e imaginação. Pra quem não conhece o Jorge, aconselho que se apresse em apreciá-lo. Recentemente ele nos concedeu esta pequena entrevista a qual divulgo com muito prazer. Confira.

01) Artedechocar: Jorge, seu mais recente trabalho “Tudo Que É Bonito de Viver” traz uma mistura de simplicidade, sentimento e musicalidade. Diferente de todos os álbuns que já produziu, este mostra um Jorge Camargo mais intimista cuja odisséia da vida é mar de descobertas contínuas. Fale um pouco desse novo CD e de sua atual perspectiva quanto a sua música.

Jorge Camargo: Em Tudo que é bonito de viver volto diferente. Fiquei uma década buscando me redescobrir, reinventar talvez. Não porque o que era antes não tenha valido. Ao contrário, sou o resultado de meu passado, de uma trajetória que me fala ao coração. Mas, de fato, com os percalços e alegrias que a vida me apresentou, não sou mais quem era antes. Sou outro e minhas canções, com isso, também foram mudando.
O que chega até vocês é um retrato atual e mais nítido do Jorge que há tanto tempo tem estado por aí, em meio à vida de tanta gente. Esta é a minha vida. E essas canções expressam mais que a minha arte. Falam da minha realidade como pessoa, dos meus amores, dos meus medos, das minhas buscas, da minha coragem desafiada e exposta, da minha esperança de felicidade, de onde ainda quero chegar. Chegar tendo ao lado as pessoas que mais amo: as minhas Anas, a minha Vê. Em nenhum outro momento soube tão claramente que ninguém é nem jamais será mais importante nesta minha vida tão frágil e tão surpreendente.

02) Artedechocar:  Diante de tanta novidade surgida na chamada música gospel, o louvor na igreja brasileira vive em estado de atualização constante em virtude dos sucessos do momento, no entanto, algumas canções suas como, “Muitos virão Te louvar”, “Ajuntamento”, “Bendize”, dentre tantas, ainda são bastante cantadas em cultos congregacionais. Como você avalia esse panorama musical no âmbito da igreja hoje? Pra você existe alguma lógica entre o essencial e o descartável na música cristã?

Jorge Camargo:Penso que há uma lógica sim, entre arte descartável e arte que se perpetua. E que isso também vale para a música chamada de cristã. Como dizia o Tom Jobim, só há dois tipos de música: a boa e a ruim. O fato de se fazer música religiosa não garante que ela seja boa. Há música religiosa ruim, como há música secular boa. Quanto ao panorama musical atual, vivemos algo semelhante ao que acontece na música popular: um hiato, uma carência de renovação a altura de nossa história e herança artística.

3) Artedechocar: Diferente de 20 anos atrás, hoje o método de gravação tem um grande facilitador para o resultado final: o computador. Porém, essa nova tecnologia acabou também alterando o processo de composição fazendo com que a música encomendada (presa a fórmula) ganhasse maior relevância no cenário evangélico, a exemplo das inúmeras canções de “chavões” e jingles comerciais. Como um compositor nato, como você conjectura ‘criatividade como reflexo de uma verdade’ e a ‘criatividade como capacidade de popularizar um produto’?

Jorge Camargo: Não creio que esse seja um fenômeno limitado ao meio religioso. Como disse na resposta anterior, essa mercantilização da arte tem ocorrido não apenas no meio cristão, mas com as iniciativas artísticas em geral. Penso que toda obra artística que tenha a vocação de se perpetuar esteja comprometida com a linguagem poética (da imaginação) e que, portanto, expressa beleza (não no sentido de boniteza), mas no sentido de verdade e de integridade, que se manifestam até mesmo na descrição de algo triste ou feio. Acho que isso faz distinção entre arte genuína e entre elementos artísticos utilizados para fins exclusivamente comerciais.

4) Artedechocar: Como você avalia a inserção da música evangélica na dinâmica da Indústria Cultural? Quais os pontos positivos e negativos?

Jorge Camargo: Penso que positivamente, poderia destacar a disponibilização da mensagem a um número maior de pessoas devido ao acesso à mídia. No entanto, a ênfase na questão comercial e na utilização da arte como instrumento de massificação e de doutrinação (e consequente alienação) tem prejudicado o caminho da música cristã.

 5) Artedechocar: Qual a relação você faz entre arte cristã e arte secular? Há possibilidades do cristão convergí-las em sua vida comum?

Jorge Camargo: É o que tenho buscado fazer, inclusive. A linguagem de gueto da música religiosa a tem isolado. Eu acredito em uma integração entre a linguagem poética e a linguagem religiosa a partir de uma matriz comum: a imaginação. O relato bíblico da atuação dos profetas atesta o fato de que a voz divina se faz ouvir pela linguagem da arte e da imaginação, muitas vezes sem a simbologia religiosa.


6) Artedechocar: Como funciona sua agenda atual? Como fazer para tê-lo mais vezes aqui no Nordeste, sobretudo na Paraíba?

Jorge Camargo: Quem tiver interesse, é só escrever pra mim no site, www.jorgecamargo.com.br, na seção contato.

7) Artedechocar: Desde já agradeço muito sua gentileza em ter aceitado ao nosso pedido, e que Deus continue preservando esse talento te dando mais Graça a cada dia.
Alguma consideração final?

Jorge Camargo: Eu é que agradeço pelo contato e pela entrevista.

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Jorge Camargo é considerado um dos principais músicos cristãos da atualidade. É mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie, compositor, tradutor e poeta. Possui 8 CDs individuais. Já fez shows no Brasil inteiro, EUA, Europa e África.


Um bate-papo com João Alexandre




Em dezembro de 2008 tive a oportunidade de estar com o João Alexandre em João Pessoa e conhecer mais de perto sua visão sobre a igreja brasileira, a música cristã/secular, e a adoração. Alguns contatos via internet e telefone, onde ele demonstrou bastante atenção e apreço, resultou numa rápida e interessante entrevista. Acompanhe abaixo.

UM BATE-PAPO COM JOÃO ALEXANDRE

1) Antognoni Misael:  João, no final do ano passado (2010) foi lançado seu primeiro DVD “João Alexandre – Dois Tempos” que tem sido bastante elogiado pelo público evangélico que curte música brasileira e até por outros de diferentes segmentos religiosos. Mesmo sendo um trabalho bem sucedido, muitos já se perguntam sobre o próximo DVD. Há alguma previsão? O que terá de diferente no próximo?

João Alexandre: Mesmo não participando diretamente das edições e da finalização do primeiro DVD, que, literalmente, ganhei da UMESP, gostei da experiência, de verdade!
Talvez eu parta para um segundo DVD chamando amigos de profissão e ministério e tocando algumas canções junto com eles, além, é claro, de contar as histórias que todo mundo gosta de ouvir, sobre a vida de músico e o processo das composições também. Acho que seria muito agradável ver 2 pessoas que têm seus próprios trabalhos e carreiras diferentes dividindo e compartilhando experiências! 


2) Antognoni Misael: Em seu livro “Músico: Profissão ou Ministério?” vários capítulos tratam do impasse temático da velha dicotomia cristã/secular. Em alguns momentos de sua apresentação musical você costuma fazer pontes, Pra cima Brasil / Aqui é o meu país (Ivan Lins), e citações como Deixa que eu deixo /Aza branca (Luiz Gonzaga), entre outras. Como você conjectura o secular e o “sagrado”? Essa relação é possível no âmbito da igreja?

João Alexandre: Para mim, todo dom perfeito é sagrado, porque é dado por Deus, que é Amor, incondicionalmente!
A Fé não substitui nenhum tipo de competência, de forma nenhuma!
Tem gente que tem uma Fé exemplar e não tem talento pra Música, enquanto tem gente que nem acredita em Deus e possui um talento, dado por Ele, incomparável, capaz de envergonhar qualquer músico cristão!
A vida não é secular ou profana, a vida é um dom de Deus pra “seculares” ou “profanos” e isso nos ensina a profundidade da chamada “Graça comum”, que é o fato de que Deus distribui igualmente dons e talentos a todos os homens, sem que eles se convertam ou acreditem nEle!
Não podemos esquecer que a Igreja, além de ser uma comunidade de santos que se arrependem de seus pecados todo dia, também é uma comunidade de pecadores que buscam ser santos, certo??
Seria uma falta de reconhecimento e um desastre total, pensar que só cristãos criam e praticam coisas boas enquanto os incrédulos só praticam coisas ruins!!
Vivo dentro de igrejas, trabalhando com Música há mais de 30 anos e posso garantir que, em algumas ocasiões, encontrei muito mais maldade e orgulho nas críticas “sagradas” de irmãos “pseudo” convertidos do que em amigos “seculares” que convivem comigo nesse mesmo meio, muito mais verdadeiros e humildes na hora de me aconselharem sobre qualquer coisa da vida!
Adoração não é o conjunto de práticas religiosas, mas um estilo de vida e não tem absolutamente nada a ver com Música! Se converter não significa cantar ou tocar ou ser melhor do que outra pessoa, mas ter a plena consciência de que vem de Deus tudo o que temos e somos!
A Igreja deve ser pertinente fora das 4 paredes dos templos e se tornar relevante na capacidade de enxergar, em qualquer ser humano, os traços divinos!
Afinal, Deus desceu do Céu, se fez homem, convivendo com os piores homens de Seu tempo, sendo Sal e Luz para eles e nos mostrando o Caminho do Amor incondicional!
O fato de Deus habitar em nós não é privilégio nem preferência, mas pura Graça!


3) Antognoni Misael: Como você vê a descontextualização da igreja através da música? Há como virar esse jogo? Que seriam os agentes de transformação: músicos ou líderes pastorais?

João Alexandre: Acho que a responsabilidade é de ambos, não só de um ou de outro, em relação a contextualizar a Igreja com a cultura!
Tem que haver vontade, desprendimento e alegria ao fazê-lo, pois o Brasil é culturalmente riquíssimo e esquecidamente abandonado pela Igreja nesse ponto!
Virar o jogo seria abrir as portas das congregações para manifestações culturais inseridas no meio secular, de forma insertiva e esclarecedora, coisa que muita gente morre de medo de fazer, por achar que seria se “misturar” com o Mundo!
ECLÉSIA significa chamados para fora e fazer a Comunidade ao nosso redor se enxergar dentro dos nossos templos seria um bom começo!


4) Antognoni Misael: Alguns grupos e músicos têm feito uma música de qualidade, vestida de brasilidade e coerência bíblica, mas por não se parecerem com o que se vem tocando na mídia em geral enfrentam o dilema de não serem ouvidos e/ou entendidos. Como um artista que nada contra o “Nilo Gospel”, que conselhos você pode deixar para aqueles que decidiram esse caminho musical?

João Alexandre:  “Peixe que nada a favor da maré é peixe morto”, já disse alguém!
O grande Bill Cosby, comediante dos anos 80 afirmou: “Não sei o segredo do sucesso, mas o segredo do fracasso é querer agradar a todo mundo!”
Em meus quase 30 anos de profissão, entreguei nas mãos de Deus minha decisão de fazer Música que fosse brasileira e relevante ao invés de importada e conservante e Ele tem me honrado muito, sempre, com convites e trabalhos! Cantar o que as  pessoas precisam ouvir ao invés de cantar só que elas querem ouvir é um grande desafio!
Vc não vai nunca ficar rico, agradar milhões de ouvidos e ser bem quisto em todos os lugares, mas vai viver uma vida financeira digna ao buscar agradar sómente os ouvidos de Deus e ser honrado por poucas e verdadeiras pessoas que pensam e caminham como vc!


5) Antognoni Misael: Pra encerrar, João, queria desde já agradecer pela atenção e prestatividade, e saber qual a possibilidade, quando e como, de tê-lo aqui na Paraíba novamente.

João Alexandre:  Quando algum convite aparecer, estamos aí, sempre! A gratidão é toda minha, pelo espaço valioso que vc me deu!!! 


6) Antognoni Misael: Alguma consideração final?

João Alexandre: Peço oração pela minha família e pelo meu trabalho e o apoio de sempre, daqueles que nos amam e nos acompanham de perto ou de longe!!



* João é músico, compositor, produtor, ex-integrante do “Grupo Pescador”, “Vencedores Por Cristo”, “Grupo Milad”, e desde os anos 90 tem sido uma referência no cenário musical evangélico.